Nove dias depois de viver uma das maiores glórias de sua história, o River Plate protagonizou um verdadeiro vexame nesta terça-feira. O campeão sul-americano não foi páreo para o Al Ain, que fez a festa da torcida da casa nos Emirados Árabes Unidos ao eliminar o rival e garantir vaga na decisão do Mundial de Clubes. Depois do empate por 2 a 2 no tempo normal e na prorrogação, os anfitriões levaram a melhor nos pênaltis, por 5 a 4.
O River pareceu ainda sentir os efeitos da comemoração da histórica vitória na decisão da Libertadores sobre o Boca Juniors, no último dia 9, em Madri, e teve apenas lampejos de bom futebol em campo. Não fosse Borré, autor de dois gols, a queda poderia ter vindo ainda antes. Mas nos pênaltis, Enzo Pérez parou nas mãos de Khalid e se transformou no vilão argentino.
Com isso, o River se torna apenas o primeiro argentino a ir ao Mundial e cair nas semifinais. Trata-se, também, do quarto sul-americano a protagonizar este vexame, repetindo o que fizeram os brasileiros Internacional, contra o Mazembe em 2010, e Atlético-MG, diante do Raja Casablanca em 2013, além do colombiano Atlético Nacional, contra o Kashima Antlers em 2016.
Melhor para o Al Ain, primeiro representante dos Emirados Árabes a ir à decisão do torneio. Agora, a grande zebra do Mundial espera para conhecer seu adversário, que sairá do duelo entre o poderoso Real Madrid e o Kashima Antlers nesta quarta-feira, em Abu Dabi.
Quem esperava um River soberano viu o Al Ain exibir o mesmo ímpeto ofensivo das duas primeiras partidas. E enquanto os argentinos ainda se ambientavam, o time da casa disparou para o ataque e abriu o placar logo aos dois minutos. Após escanteio da direita, Pinola desviou contra o próprio gol e a bola passou sob Armani. A arbitragem, porém, anotou gol para Berg, que disputou com o zagueiro argentino.
Mas assim como repetiu o comportamento ofensivo, o Al Ain também demonstrou a mesma fragilidade defensiva das primeiras fases. E com a mesma facilidade que abriu o placar, permitiu a reação do River, que ameaçou pela primeira vez em chute de longe de Pity Martínez, aos oito.
Dois minutos mais tarde, saiu o empate. Pratto recebeu na área, bateu firme e parou em bela defesa de Khalid. No rebote, Palacios dividiu com o goleiro, Pratto tentou e Borré desviou para a rede. Embalado, Borré também foi o responsável pela virada aos 15, quando recebeu de Martínez e finalizou cruzado.
A expectativa era de que a virada tranquilizasse o River, mas o que se viu foi um relaxamento excessivo que impulsionou o Al Ain novamente ao ataque. Aos 25, Armani evitou o gol de El Shahat, e a arbitragem ignorou o toque de mão de Palacios no lance, mesmo após alerta do árbitro de vídeo. Nos acréscimos, o mesmo El Shahat marcou, mas, desta vez, Gianluca Rocchi ouviu o VAR e anulou o lance, alegando impedimento.
O apito ao fim do primeiro tempo foi um alívio para o River, mas apenas momentâneo. O segundo tempo trouxe um Al Ain esperançoso, que tomou o campo de ataque e empatou logo aos cinco minutos. O brasileiro Caio recebeu pela esquerda de Shiotani, cortou Maidana e encheu o pé para vencer Armani e marcar um belo gol.
Coube ao River, então, apostar novamente em Borré. Aos 13, o colombiano apareceu duas vezes, mas parou em grandes defesas de Khalid. Quando Casco invadiu a área pela esquerda e caiu, após contato com Ahmad, o time teve a melhor oportunidade de recuperar a liderança. Mas Martínez cobrou o pênalti no travessão e ampliou a angústia argentina.
O lance abalou o River, o ritmo do jogo diminuiu e veio a prorrogação. Gallardo lançou a campo Scocco, de volta após lesão, e ele foi o primeiro a levar perigo. Na etapa final, Pinola tentou de cabeça. Mas os argentinos pareciam exaustos e assistiram ao Al Ain ter a melhor chance, com Ahmad, aos 12 do segundo tempo. Armani salvou e garantiu a disputa de pênaltis.
As duas equipes foram perfeitas em suas primeiras cobranças. Armani chegou a tocar na bola em dois chutes do Al Ain, mas Caio, Shiotani, Al Ahbabi, Amer Abdulrahman e Yaslem converteram para o time da casa, enquanto Scocco, Quintero, Pratto e Borré marcaram para os argentinos. Na décima tentativa, porém, Pérez foi parado por Khalid, para delírio da torcida local.
FICHA TÉCNICA:
RIVER PLATE 2 (4) X (5) 2 AL AIN
RIVER PLATE – Armani; Montiel, Maidana, Pinola e Casco; Ponzio (De La Cruz), Palacios (Enzo Pérez), Nacho Fernández (Quintero) e Pity Martínez (Scocco); Borré e Lucas Pratto. Técnico: Marcelo Gallardo.
AL AIN – Khalid; Ahmad, Ismail, Fayez e Shiotani; Barman (Amer Abdulrahman), Doumbia (Nader) e Mohamed Abdulrahman (Yaslem); Caio, El Shahat e Berg (Al Ahbabi). Técnico: Zoran Mamic.
GOLS – Berg, aos três, e Borré, aos 10 e aos 15 minutos do primeiro tempo. Caio, aos cinco minutos do segundo tempo.
ÁRBITRO – Gianluca Rocchi (Fifa/Itália).
CARTÕES AMARELOS – Pinola, Borré, Casco, De La Cruz (River Plate); El Shahat, Caio, Ahmed (Al Ain).
RENDA E PÚBLICO – Não disponíveis.
LOCAL – Hazza Bin Zayed Stadium, em Al Ain (Emirados Árabes Unidos).