O criminalista Alberto Toron, defensor do médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, protocolou um habeas corpus, na tarde desta segunda-feira (17/12), junto à Justiça de Goiás com o objetivo de revogar a prisão preventiva do líder religioso.
João de Deus está, neste momento, no Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia, a 20 quilômetros da capital. Ele divide a cela com três advogados desde a noite de domingo, 16, quando chegou à cadeia após prestar depoimento e fazer exame de corpo de delito em Goiânia.
Caso o habeas corpus seja negado, a estratégia da defesa será pedir que se adote medidas cautelares, em vez da prisão. Entre as opções cogitadas pelo defensor estão prisão domiciliar, colocação de tornozeleira e a proibição dele exercer o ofício dele.
“São medidas que acautelam o meio social, que preservam a possibilidade da prática de novos crimes, se é que eles existiram, com um método menos invasivo, meio menos invasivo”, explicou Toron.
Mais de 400 mulheres denunciaram João de Deus ao Ministério Público
O promotor de Justiça Luciano Miranda, que integra a força-tarefa formada para investigar as denúncias de abusos sexuais por parte do médium João de Deus, disse nesta segunda-feira, 17, que o Ministério Público já recebeu mais de 400 relatos de abuso sexual e que, deste total, 30 foram formalizados por meio de depoimentos colhidos presencialmente nos Estados.
Segundo Miranda, esses 30 casos apontam para a prática de três crimes que aconteciam de forma “reiterada”: estupro, violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável. O promotor disse ainda que vários desses relatos aconteceram nos últimos seis meses e, portanto, podem ser passíveis de punição.
“Nós já recebemos mais de 400 relatos via e-mail. Desses 400 relatos, já conseguimos mais de 30 depoimentos prestados dentro do Ministério Público no Brasil inteiro: São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais”, afirmou. “Há três delitos possíveis: estupro, violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável. Tudo vai depender da análise do caso em concreto. Não há um único crime, há a prática desses três crimes de forma reiterada”, complementou.