O governador eleito por Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), se pronunciou recentemente sobre os inúmeros relatos de abusos sexuais que teriam sido praticados por João de Deus contra mulheres e adolescentes. Caiado, que atualmente exerce o mandato de senador da República e assume o cargo de governador de Goiás em 1º de janeiro de 2019, disse na última quarta-feira (12/12) que é “difícil acreditar em tudo aquilo que foi colocado”, se referindo às denúncias contra o médium de Abadiânia.
A declaração foi feita ontem, quarta-feira, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição, onde Caiado esteve em reunião do DEM, seu partido, com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
Caiado, que já chegou a afirmar que a relação dele com João de Deus é “de família”, classificou ainda como “constrangedor e triste” o escândalo sexual envolvendo o médium. Para ele, “é difícil crer em tudo aquilo que foi colocado” sobre uma pessoa que sempre “teve os melhores conceitos de pessoas do mundo inteiro”.
“É difícil, triste até acreditar em tudo isso de uma pessoa que sempre teve os melhores conceitos de pessoas que vêm do mundo inteiro [para visitá-lo]. Vamos aguardar o que a Justiça vai levantar, e é sobre essa decisão que nós temos que nos curvar”, disse.
Caiado demonstrou choque e frustração com a recente explosão de denúncias de abuso sexual contra João de Deus, e disse que não fará juízo de valor. “É um constrangimento a todos. Até difícil de crer em tudo aquilo que foi colocado. É uma decisão que, repito, caberá aos órgãos competentes levantarem a procedência. Não anteciparia e não sou pessoa de fazer juízo de valor antecipado. Acho que cada cidadão tem o direito de se apresentar e fazer a sua própria defesa”, defendeu o senador.
Em vídeo de 2015, Caiado aparece elogiando João de Deus durante o aniversário do médium. Segundo o parlamentar, a relação deles é “de família, uma ligação de longa data”. Na gravação, Caiado também elogia o “dom da cura” do médium.
MP pediu prisão preventiva de João de Deus
corre real risco de ser preso após o Ministério Público de Goiás (MP-GO) ter protocolado no fim da tarde da última quarta-feira (12/12) um pedido de prisão preventiva contra ele. Acusado de abuso sexual por quase 400 mulheres, o médium ainda fez a tentativa de continuar realizando seus atendimentos espirituais em Abadiânia.
Dois promotores responsáveis pela força-tarefa que investiga mais de 200 denúncias contra o médium estiveram no Fórum de Abadiânia. O pedido deve ser analisado pela comarca local.
Já o advogado de João de Deus, Alberto Toron, disse em entrevista à Agência Brasil que a informação que eles têm é que efetivamente o MP fez um pedido à Justiça, mas não estão cientes do teor desse pedido. “Sem conhecer, eu não tenho como me contrapor a ele. Vou para Abadiânia ver se eu consigo avaliar esse pedido.”, declarou.
Toron disse ainda ter reafirmado oficialmente às autoridades que seu cliente segue à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos. João de Deus é suspeito de abuso sexual contra centenas de mulheres e também adolescentes. Ele segue negando as acusações e se diz inocente. Na última quarta-feira, em aparição pública na casa onde faz suas famosas cirurgias espirituais, o médium chegou a dizer que vai provar sua inocência na Justiça.
O balanço mais recente do MP-GO é de 206 possíveis vítimas de João de Deus. As denúncias explodiram depois que quatro mulheres deram seus depoimentos no programa que vai ao ar pela TV Globo, Conversa com Bial.