O setor agropecuário brasileiro já alcançou entre 68% e 105% da meta a que se propôs para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, informou nesta quarta-feira, 12, em nota, o Ministério da Agricultura. Conforme a pasta, um total entre 100,21 milhões e 154,38 milhões de toneladas de CO2 equivalente, entre 2010 e 2018, foi mitigado por meio de boas práticas agropecuárias, contempladas sobretudo no Plano ABC (agricultura de baixo carbono).
Este plano setorial, específico para agropecuária, faz parte dos compromissos assumidos pelo Brasil junto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC na sigla em inglês). Os avanços obtidos até o momento estão sendo apresentados em Katowice, Polônia, durante a 24ª Conferência das Partes (COP24), que ocorre até o dia 14.
As principais práticas de agropecuária sustentável adotadas dentro do Plano ABC são integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF); plantio direto na palha; fixação biológica de nitrogênio, tratamento de dejetos de animais e florestas plantadas.
No caso da ILPF, a técnica se expandiu em 5,83 milhões de hectares entre 2010 a 2016, ou 146% acima da meta firmada no Plano ABC, prevista em 4 milhões de hectares. Isso permitiu que o País impedisse a emissão de 36,4 milhões de toneladas de CO2 equivalente (tCO2eq), ou 182% da meta de mitigação, que era de 22 milhões de tCO2eq.
Em relação ao plantio direto, a meta inicial, de ampliar a prática em 8 milhões de hectares, foi suplantada em 1,97 milhão de hectares entre 2010 e 2016. A mitigação de gases do efeito estufa alcançou a marca de 18,25 milhões de tCO2eq, ou 101% da meta.
Já a fixação biológica de nitrogênio passou a ser utilizada em mais 9,97 milhões de hectares, ou 181% acima da meta estimada entre 2010 e 2016 e mitigação de 18,25 milhões de tCO2eq (+182% em relação à meta).
Quanto ao tratamento de dejetos de animais, entre 2013 e 2018 foram tratados 4,52 milhões de metros cúbicos, ou 103% mais da meta e mitigação de 7,08 milhões de tCO2eq.
Finalmente, quanto às florestas plantadas, houve incremento de 1,1 milhão de hectares entre 2010 e 2018, ou 37% da meta em área, com sequestro de 15,57 milhões de tCO2eq, “sendo considerada nesse cálculo a biomassa produzida por essa cultura, o que correspondeu a 173% do objetivo proposto”.
Conforme o diretor do Departamento das Cadeias Produtivas e da Produção Sustentável (Depros), do Ministério da Agricultura, Pedro Neto, essas estimativas de adoção de agricultura de baixo carbono não se restringem apenas às áreas financiadas no âmbito do Plano ABC, mas também a outras fontes, como recuperação de pastagens (RDP). Além disso, são mensurados dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do MapBiomas, por meio do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (Seeg). “Isso explica a variação das estimativas de mitigação”, diz Pedro Neto.
No caso de recuperação de pastagens, por exemplo, entre 2013 a 2018, estima-se que 4,46 milhões de hectares tenham sido recuperados no Brasil com recursos de crédito rural – conforme dados do Banco Central e da Coordenação de Agropecuária Conservacionista, Floresta Plantada e Mudança Climática (CAFMC) do ministério. Já os dados do Seeg, que usam taxa de lotação animal por hectare para determinar a condição da pastagem, apontam para uma área bem maior recuperada, na ordem de 10,44 milhões de hectares, informou o coordenador do CAFMC, Elvison Ramos.
Ele acrescenta, ainda, que foi essencial para avaliar os resultados de mitigação a criação da Plataforma ABC, instalada na Embrapa Meio Ambiente e que tem como objetivo articular as ações multi-institucionais de monitoramento da redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE) da agropecuária brasileira, sobretudo as executadas pelo Plano ABC.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, ressaltou que os números comprovam que o Brasil já alcançou praticamente todos os compromissos assumidos na 15ª Conferência das Partes (COP15), em Copenhage, e que devem ser cumpridos até 2020. “Os dados demonstram que a agricultura brasileira é sustentável e o mundo precisa reconhecer isso”, comentou.