Antes de sua prisão em Tóquio, no mês passado, o executivo brasileiro Carlos Ghosn, que há quase duas décadas ajudou a orquestrar a união entre a francesa Renault e a japonesa Nissan, planejava substituir o presidente-executivo da Nissan, Hiroto Saikawa, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
Ghosn foi preso em 19 de novembro depois que seu avião particular aterrissou em Tóquio. Ele é suspeito de ter usado unidades da Nissan na Europa para dissimular pagamentos de quase US$ 18 milhões para a compra de um imóvel de luxo num condomínio no Rio de Janeiro, além de uma casa em Beirute. Conhecido pela capacidade de cortar custos e recuperar em negócios em crise, Ghosn, de 64 anos, é acusado de fraudar sua declaração de renda e de usar recursos corporativos para benefício pessoal. O escritório do advogado de Ghosn, Motonari Otsuru, não se pronunciou.
Saikawa não pôde ser contatado para comentar o assunto. Ele disse que está focado em melhorar a rentabilidade da Nissan a longo prazo, e isso resultou em declínios de vendas nos EUA este ano.
No momento da sua detenção, Ghosn era o presidente da Nissan e ainda era considerado o decisor final, embora tenha desistido do papel de executivo principal na Nissan em 2017.
Ghosn havia planejado por meses mexer na alta administração da Nissan e revelou seus planos de substituir Saikawa, disseram as pessoas. Qualquer mudança na alta gerência exigiria a aprovação do conselho.
Uma das fontes afirmou que Ghosn disse a alguns associados que queria realizar seu plano em uma reunião da diretoria da Nissan em novembro. Em vez disso, o conselho votou por unanimidade em 22 de novembro para remover Ghosn como presidente. Ele continua sendo diretor da Nissan.
De acordo com as fontes, Ghosn estaria descontente com a tomada de decisões de Saikawa e frequentemente o criticou pelas recentes lutas da empresa nos EUA, entre outras razões. Fonte: Dow Jones Newswires.