O novo Plano de Negócios da Petrobras para o período 2019-2023 decepcionou a pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas Energia, Fernanda Delgado, que considerou o plano “requentado” e com “falta de ousadia”. Para ela, o plano não trouxe novidades em relação aos anteriores, mas torce para que pelo menos seja cumprido. Isso se o próximo presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, não quiser colocar sua marca na gestão e começar tudo de novo.
“De maneira geral, meu medo é que fique só no planejamento como os últimos planos, mas espero muito que vá para frente”, disse Delgado ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, sobre o anúncio da estatal de investir US$ 84,1 bilhões nos próximos cinco anos, sendo a maior parte na área de Exploração e Produção. “Achei o plano requentado e sem ousadia”, completou.
A pesquisadora destacou que, apesar do valor total previsto de investimentos, nenhuma nova plataforma foi anunciada, “só as já previstas”, e a projeção de produção 10% maior em 2019 também não agradou. “Com tantos investimentos nos últimos anos, esperava aumento maior da produção”, avaliou. Em 2018 a produção da empresa ganhou mais cinco plataformas e em 2019 entram mais três unidades. Ao todo, de 2019 até o final do plano, a Petrobras vai instalar mais 13 plataformas, sendo que apenas seis já estão contratadas. A contratação de mais sete plataformas dependerá do próximo presidente.
Outra crítica é relacionada aos desinvestimentos da empresa, largamente anunciados, mas que dos US$ 21 bilhões propostos para o biênio 2017-2018 apenas US$ 7 bilhões foram obtidos até agora. “O plano segue sem transparência em relação aos desinvestimentos, quando vão conseguir? Não veio nada sobre isso”, critica.
Mas segundo Delgado, a decepção maior foi com o segmento de refino. “Depois da greve dos caminhoneiros eu esperava um investimento mais pesado em refino, que eles fossem se preocupar em abastecer o mercado nacional, mas não veio”, afirmou.
Para ela, o uso de um preço de barril crescente no plano – projeção de US$ 66 o barril em 2019 e US$ 75 a partir de 2022 – também é muito arriscado. “Eles consideram o preço futuro subindo nos próximos cinco anos, isso não é auspicioso. A volatilidade do preço do petróleo é tanta por questões geopolíticas que não sei se isso deveria ter sido visto com mais cautela”, disse, lembrando eu recentemente o barril do petróleo caiu para o patamar de US$ 50, apesar de ter se recuperado e nesta quarta ter fechado em torno dos US$ 60.