A defesa de Marco Polo Del Nero, ex-presidente da CBF, pediu à Fifa a anulação do processo que culminou no afastamento do ex-cartola do futebol. Ela argumenta que um dos juízes que participou da avaliação do seu caso foi detido por suspeitas de corrupção na Malásia, tendo renunciado a seu cargo na Fifa nesta quarta-feira.
O brasileiro foi banido do futebol para sempre e teve de deixar seu cargo na CBF, além de pagar uma multa milionária. A Fifa alegou que a punição ocorria diante do resultado dos inquéritos da Justiça dos Estados Unidos que apontaram para suspeitas de corrupção por parte de Del Nero na CBF e na Conmebol.
Sem jamais ter saído do Brasil desde maio de 2015, o cartola conseguiu evitar ser detido e extraditado aos Estados Unidos, como ocorreu com José Maria Marin, já condenado e sentenciado, tendo sido detido na Suíça.
Há uma semana, porém, um fato inesperado mudou o cenário. O vice-presidente do Comitê de Ética da Fifa, Sundra Rajoo, foi preso ao viajar de Zurique para seu país, a Malásia. Ele é acusado de crimes de corrupção e fraude. Nesta quarta-feira, a Fifa confirmou que o malaio renunciou ao seu cargo na entidade máxima do futebol.
No ano passado, depois de afastar antigos juízes e investigadores, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, escolheu uma nova equipe de especialistas “independentes”. Rajoo, indicado pelas confederações asiáticas, passou a ser um dos dois juízes da câmara adjudicatória do Comité de Ética da Fifa e responsável por julgar e punir dirigentes na “nova Fifa”.
Com isso, o juiz também foi um dos membros do comitê que definiu o afastamento de Del Nero. Agora, diante da suspeita em relação ao malaio e de sua renúncia, a defesa do brasileiro decidiu questionar a decisão e pedir a reabertura do processo.
Os advogados, segundo o Estado apurou em Zurique, se utilizaram da situação do afastamento do vice-presidente como um incidente processual de nulidade da condenação de Del Nero. A iniciativa pode fazer o caso se arrastar por meses e transformar a situação de Del Nero em uma incógnita.
Na Malásia, o juiz conseguiu ser solto e espera pela avaliação do caso em liberdade. Ele apresentou imunidade diplomática. Mas o malaio também foi obrigado a renunciar ao cargo no que tinha Centro Internacional de Arbitragem.