Nicolas Roeg, diretor de O Homem Que Caiu Na Terra, morreu na sexta-feira, 23, em Londres, aos 90 anos, segundo informou seu filho, que tem o mesmo nome do pai. Roeg começou sua carreira como fotógrafo, trabalhando com diretores do nível de Truffaut (Fahrenheit 451) e John Schlesinger (Longe Desse Insensato Mundo). Já em sua estreia como diretor, em 1970, com Performance, Roeg chamou a atenção dos críticos pela narrativa pouco convencional de seu filme, que teve como estrela Mick Jagger. Fiasco de bilheteria, Performance teve o mérito de revelar o cineasta, que realizou um ano depois sua obra-prima, Walkabout, sobre dois irmãos, um garoto e uma adolescente, que são deixados à deriva pelo pai no meio do deserto australiano, sendo encontrados por um aborígine, que se mata ao se apaixonar pela garota.
Roeg encontraria o sucesso comercial com o filme Inverno de Sangue em Veneza (Dont Look Now, 1973), um thriller assustador sobre premonição e morte na cidade italiana. Três anos depois ele dirigiu o roqueiro David Bowie num sofisticado exercício de ficção científica, O Homem Que Caiu na Terra (The Man Who Fell to Earth, 1976), em que o cantor interpreta um alienígena.
O cineasta passou a ser um diretor cultuado e conseguiu, em 1983, que os produtores de Eureka investissem US$ 11 milhões nessa stravaganza que tinha no elenco os superastros da época (Gene Hackman, Rutger Hauer). Sempre em busca de temas insólitos, o diretor realizou dois anos depois um filme sobre o encontro de dois mitos, a atriz Marilyn Monroe e o cientista Albert Einstein, em Insignificance (1985). Adaptado da peça teatral de Terry Johnson, o filme tem ainda dois outros personagens reais, Joe Di Maggio e o senador anticomunista Joseph McCarty, que se reúnem com Marilyn e Einstein num quarto de hotel, em 1954.
Fotógrafo dos próprios filmes (Performance, Walkabaout), Nicolas Roeg foi um esteta, que definiu a composição clássica de superproduções como Doutor Jivago (ele não foi creditado) e Lawrence da Arábia (diretor da segunda unidade), além da primeira versão de Longe Desse Insensato Mundo, em 1967, mesmo ano em que fotografou outra produção cara, Cassino Royale (primeira versão). Além desses filmes fotografou para o amigo Richard Lester um filme de pouca repercussão, mas sensível e com grandes atores, Petúlia (1968).
Roeg foi casado com a atriz Theresa Russell (que faz a Marilyn de Insignificance). Seu estilo desconstrutivo influenciou diretores como Christopher Nolan, que reconheceu sua importância quando o diretor realizou Memento. Outros cineastas que seguiram seus passos foram Danny Boyle e François Ozon.