O ministro-chefe de Gibraltar, Fabian Picardo, afirmou neste sábado que o território britânico ultramarino, situado no extremo sul da Península Ibérica, “ficará junto com” o Reino Unido após o Brexit. “À medida que o Reino Unido estabelece novas relações comerciais e de outros tipos ao redor do mundo, esperamos ansiosamente pelas oportunidades que virão dos benefícios de nosso idioma comum, nossa lei comum e os elos que nos ligam com a Commonwealth de nações ao redor do mundo”, declarou em comunicado, referindo-se à associação livre de Estados soberanos que reúne o Reino Unido e algumas de suas antigas colônias.
Segundo a nota à imprensa do governo de Gibraltar, a saída da União Europeia “não terá qualquer efeito sobre a soberania britânica de Gibraltar e as águas em seu entorno”. “Os elos profundos e inquebráveis que ligam o Reino Unido e Gibraltar não foram e não serão, de forma alguma, diluídos como resultado de nossa retirada conjunta da UE.”
Em uma carta remetida neste sábado e divulgada por Downing Street junto com o comunicado de Picardo, o representante permanente do Reino Unido para a UE, embaixador Tim Barrow, escreve ao secretário-geral do Conselho Europeu, Jeppe Tranholm-Mikkelsen, que o governo britânico negociará os acordos futuros para implementar a declaração política conjunta de intenções “em nome de todos os territórios por cujas relações externas o Reino Unido é responsável”.
Veto no Conselho Europeu?
O território na Península Ibérica se tornou o mais novo impasse na novela do Brexit após o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, garantir que vetaria o acordo de retirada e a declaração de intenções para a relação futura entre Londres e Bruxelas na reunião extraordinária do Conselho Europeu, amanhã, se não houvesse mudanças nos termos relativos a Gibraltar. O esboço da declaração de intenções nem sequer menciona o território.
No entanto, a cúpula deste domingo não terá uma votação de fato. O que a Comissão Europeia buscará é avalizar os documentos por unanimidade por meio de um consenso.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, vem repetindo que tem conversado com os governos de Gibraltar e da Espanha em busca de “medidas” que possam ser adotadas para solucionar o imbróglio – o desejo de Madri é poder manter o direito de negociar bilateralmente com o Reino Unido o compartilhamento de algumas competências -, mas não forneceu qualquer detalhe sobre o que elas poderiam implicar.