O candidato de oposição à presidência do Palmeiras, Genaro Marino Neto, quer que o clube repense a forma como se relaciona com a Crefisa. O ex-vice de Mauricio Galiotte afirma que a atuação da dona da empresa, Leila Pereira, pode gerar conflitos por ela ser também conselheira. Na entrevista ao Estado, realizada na sede do Palmeiras, Genaro também revelou o plano de contar com o ex-presidente Paulo Nobre.
Quais são as suas principais propostas?
Nossa principal proposta é manter o programa de governo que iniciamos em 2013. O clube na época estava em uma situação bem diferente, com recursos financeiros escassos e na Série B. Fizemos um programa de governo com três pilares: ética, transparência e autossustentabilidade. Queríamos que esses eixo fosse mantido. Infelizmente, no início de 2017 para cá começamos a ter um desvio dessa rota. Por isso, neste ano resolvi me candidatar e trazer de novo o que entendo ser mais adequado. Sempre baseado no profissionalismo, na meritocracia, cumprir o estatuto, algo que não houve nesses dois anos.
O que houve de errado?
Em novembro de 2016, quando Paulo Nobre viu que a Leila Pereira estava votando dentro do clube, ele estranhou. Ela havia se tornado sócia em 2015. Nosso estatuto preza que para votar precisava ter três anos de clube e para ser votado, oito anos. O presidente pediu um parecer jurídico. Dois advogados deram parecer que ela não tinha condição de participar. Nobre recusou a proposta interna pela participação de sócia anterior a esse período. Mas o Mauricio assumiu e aceitou a solicitação. Se o presidente anterior recusou, como o sucessor, do mesmo grupo político, pensou diferente? De lá para cá começou a se falar que somos contra o patrocinador. Somos a favor de ter patrocínio, mas não da forma como é, contra o estatuto.
O Palmeiras se tornou dependente da Crefisa?
O clube tem quatro receitas. A TV é a principal, com 20%. Cerca de 15% é bilheteria. Em terceiro, está a Crefisa, com 13,5% do nosso faturamento total. E o resto é o sócio torcedor, o Avanti, que caiu quase 40% nos últimos anos. Como temos quatro receitas, a minha preocupação é por que existe toda essa embriaguez com a Crefisa? Ela é 13,5%. E nós aqui somos pressionados e ameaçados sobre o risco de ela ir embora.
O senhor renovaria contrato com a Crefisa?
Como instituição, sim. Como parceira, podemos dar até algum título específico, de ser diretor especial patrocinadora, de ter um cargo, para ajudar no marketing. Eu não preciso forjar uma situação. O dirigente tem que fazer a coisa certa. A instituição não pode estar à mercê de uma situação. Por que oferecer um clube para conflito de interesses? Na hora de conversar agora, ela vai negociar como conselheira ou como patrocinadora? Na eleição é só eu e o Mauricio, não sou eu contra a Leila. Mas se fala tanto dela, por conta da fragilidade do nosso presidente em relação a esse tema. Ele participou desse processo dela se tornar conselheira, que se tornou refém dela. Quem faz campanha para ele é a Leila. Mas atua como conselheira ou como patrocinadora? É uma relação complicada.
Então o Palmeiras pode abrir mão dela?
Na Europa, o Milan e o Inter foram comprados por chineses e já foram devolvidos. O que move um clube é a paixão, não só a parte econômica. Eu vejo que os donos da Crefisa falam em ter amor pelo Palmeiras, mas para mim não é um amor de quem vem desde pequeno torcendo, dentro de uma tradição familiar. Está na hora do Palmeiras dar uma repensada para manter nossa locomotiva no nosso trilho.
O Paulo Nobre participaria na sua gestão?
Sim. A figura dele nas instituições é interessante. Em instituições como CBF e Conmebol, ele é visto como uma pessoa pró-ativa. Paulo poderia ajudar o Palmeiras nessa área de relacionamento, com a CBF, com a Fifa, com a Conmebol. Quem foi presidente e passou pelo clube, não precisa ter uma cargo específico. Ele seria um CEO para atuar nas finanças e nas negociações. Vamos trazer quem tem qualidade para nos ajudar.
E o Mustafá pode participar?
Não. Nossa chapa no clube é até criticada por ser “chapa pura”. Somos todos do mesmo grupo político.
Como deve ser a relação do Palmeiras com o Allianz Parque?
Nós devemos desenvolver um grupo para administrar. Já vimos que fora do país as arenas têm capacidade de trocar o gramado rapidamente. É sofrível a condição do gramado. Temos que discutir se precisamos melhorar o piso do jogo, como pegar uma área nossa para ajudar. Muitas áreas da arena não estão terminadas ainda. Tinha um projeto de restaurante no último andar, um projeto para devolver nossas áreas de bocha e boliche.