Um passeio pela Praça Doutor Pedro Ludovico Teixeira, nossa tão querida Praça Cívica, sempre nos reserva algumas surpresas. Certamente você já observou que a praça é composta por diversos elementos, como o Museu Zoroastro Artiaga, o Palácio das Esmeraldas e claro, a peça que chama mais atenção, o Monumento às Três Raças.
Não é preciso ter um olhar muito atento para notar uma enorme escultura bem ali, no centro da praça. Considerado como um dos principais símbolos de Goiânia, muita gente acaba não sabendo ao certo qual o propósito da escultura e nem mesmo a mensagem que deseja passar. Apesar de ser conhecido como Monumento às Três Raças, seu nome real é “Monumento à Goiânia”, embora o primeiro faça muito mais sentido.
A história de Goiás e sua relação com o Monumento às Três Raças
A obra foi criada pela artista Neusa Moraes, no ano de 1968. Esculpida em bronze e granito, o monumento pesa cerca de trezentos quilos e conta com sete metros de altura. Para entender sua importância histórica e cultural não apenas para Goiânia, mas também para Goiás, é preciso fazer uma “viagem no tempo” e recordar como se deu o processo de construção de nosso estado.
Tudo começa no início do século 18, com a chegada dos bandeirantes vindos de São Paulo, que foram atraídos para estas terras por meio da descoberta de minas de ouro. Bartolomeu Bueno da Silva, o “Anhanguera”, foi quem liderou a primeira bandeira com o propósito de se fixar em nosso território.
A primeira região a ser ocupada foi a de Goiás Velho (chamada inicialmente de “Vila Boa”) e serviu como capital do estado durante 200 anos. Vale lembrar que o local já era ocupado por povos indígenas, esses, que acabaram sendo integrados às bandeiras e que participaram do processo de exploração, junto aos escravos que foram trazidos.
O processo de independência de Goiás foi acontecendo aos poucos, sendo impulsionado pelas formação de juntas administrativas. No entanto, seu crescimento real aconteceu de forma intensificada apenas depois da mudança de capital para Goiânia.
A partir de tais informações é possível perceber que somos fruto de miscigenação, onde há mistura entre as etnias branca (representada principalmente pelos bandeirantes), negra (representada pelos antigos escravos) e indígena.
O monumento por sua vez, foi idealizado como forma de homenagem a essa miscigenação. Na estaca que as estátuas erguem, está esculpido o brasão de Goiânia. Dessa forma, a interpretação é de aquela seria a pedra de fundação da capital, que as três etnias acabaram ajudando a construir.
Assim, o Monumento às Três Raças foi construído como forma de homenagear os imigrantes que escolheram Goiás como seu novo lar, retratados pela figura do homem branco; os indígenas, que foram os primeiros habitantes destas terras e os negros, que formam grande parte da história de construção do Brasil e também de nosso estado.
Processo de escolha do monumento
Neusa Rodrigues Moraes (1932 – 2004) teve o marco inicial de sua trajetória artística após a construção do monumento. A ideia era homenagear a capital por seus 50 anos de Batismo Cultural, e o responsável por isso foi o Rotary Club, em parceria com o Governo Estadual e a Prefeitura de Goiânia.
Inicialmente, o Rotary sugeriu que fosse feita uma homenagem aos imigrantes, mas a artista argumentou que também seria importante homenagear o índio e o negro, sugestão que acabou sendo aceita.
Assim, a artista definiu o tema, estilo e materiais com os quais trabalharia. Fez uma maquete com o protótipo do monumento, que foi aprovado pelos solicitantes e até mesmo pelo professor e escultor Ritter, que apoiou Neusa durante o processo.
Assim que a obra foi instalada na Praça Cívica acabou gerando certo desconforto entre os goianienses e sofreu algumas represálias. No entanto, conforme o tempo foi passando as pessoas entenderam sua importância e hoje, é considerada como um dos principais símbolos de Goiânia.