O Departamento de Justiça dos EUA indiciou o fundador do site WikiLeaks, o australiano Julian Assange, em um procedimento secreto que foi revelado por engano, informou o jornal The Washington Post. A medida marca uma escalada drástica na longa batalha do governo contra Assange e seu grupo, e pode avançar as investigações sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016. Em uma carta a um juiz que foi tornada pública, o procurador Kellen Dwyer escreveu que, “em razão da sofisticação do réu e da publicidade em torno do caso, é provável que nenhum outro procedimento mantenha confidencial que ele foi acusado”. Mais tarde, Dwyer escreveu que as acusações “precisariam ser mantidas sob sigilo até Assange ser preso”.
Ainda não se sabe quais acusações pesariam sobre Assange, mas os EUA já haviam estudado anteriormente a possibilidade de indiciá-lo por conspiração, roubo de propriedade governamental e violação da Lei de Espionagem pela divulgação de documentos secretos do Pentágono e do Departamento de Estado americano em 2010 no WikiLeaks.
“Furo: o Departamento de Justiça ‘acidentalmente’ revelou a existência de acusações confidenciais (ou um rascunho para elas) contra Julian Assange, em um aparente erro de ‘copiar e colar’ em um caso não relacionado”, escreveu o WikiLeaks no Twitter.
A acusação de Assange nos EUA poderia ter implicações na investigação comandada pelo procurador especial Robert Mueller sobre um suposto conluio da campanha presidencial de Donald Trump de 2016 com a Rússia, e sobre se o presidente obstruiu a Justiça na investigação. Em julho, Mueller acusou 12 espiões russos de conspiração ao hackear os computadores do Comitê Nacional Democrata, assim como de roubo de informação e publicação dos arquivos com o objetivo de distorcer o resultado da votação. Uma das acusações aponta o WikiLeaks como plataforma usada pelos russos para divulgar os e-mails roubados. (Com agências)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.