O governo cubano anunciou, na última quarta-feira (14/11), sua saída do programa Mais Médicos, e a extinção do programa deve ter impactos diretos sobre Goiás. Lançado em 2013 por Dilma Rousseff, o programa foi o primeiro da história do país a fixar o atendimento de médicos estrangeiros na rede pública de saúde. Em Goiás, trabalham 198 médicos cubanos, que, agora com o fim do programa, devem retornar à Cuba.
A estimativa é que 29,5% dos integrantes do programa Mais Médicos, do governo federal, em Goiás, são cubanos. São 198 trabalhadores da saúde distribuídos em 93 municípios do Estado. Sendo que Valparaíso, Aparecida de Goiânia e Luziânia são os que possuem a maior concentração destes. O número total de integrantes da iniciativa social é de 610 profissionais.
Cumprida a decisão do governo cubano de se retirar do programa do governo federal, anunciada na última quarta-feira, estes profissionais deixaram os postos onde atuam. O comunicado da saída foi feito nesta quarta-feira após declarações “ameaçadores e depreciativas” do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que anunciou mudanças “inaceitáveis” no projeto do governo. O convênio com o governo cubano é feito entre Brasil e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
O município de Luziânia, um dos municípios com mais profissionais do programa, recebeu os médicos em 2014. Os médicos, de procedência cubana, atuam nos bairros Sol Nascente, Jardim Planalto, Setor Fumal e Setor Leste. Todas as 17 Unidades de Saúde da Família, no município, passaram a contar com atendimento médico, em razão do programa do governo federal.
A reportagem do Dia Online tentou contato com a Prefeitura de Luziânia para obter um posicionamento sobre o fim do programa, mas, até o fechamento desta matéria, não obteve retorno.
O Programa Mais Médicos
O programa Mais Médicos tem 18.240 vagas em 4.058 municípios, cobrindo 73% das cidades brasileiras. Quando são abertos chamamentos de médicos para o programa, a seleção segue uma ordem de preferência: médicos com registro no Brasil (formados em território nacional ou no exterior, com revalidação do diploma no País); médicos brasileiros formados no exterior; e médicos estrangeiros formados fora do Brasil. Após as primeiras chamadas, caso sobrem vagas, os médicos cubanos são convocados.
No País, os médicos cubanos estão no programa desde o início e o Ministério da Saúde (MS) trabalha na diminuição de médicos cubanos. Até 2014, cerca de 11,4 mil profissionais de Cuba trabalhavam no Mais Médicos. Hoje, no Brasil, os médicos cubanos são 45,6% dos participantes do programa. São 8,3 mil, entre as 18,2 mil vagas.