Uma grande e importantíssima descoberta da fauna do Cerrado foi divulgada recentemente por uma herpetóloga goiana. A Dra. Daniella França, que é formada em Ciências Biológicas e se dedica à herpetologia – ramo da zoologia dedicado ao estudo dos répteis e anfíbios – descobriu uma espécie de serpente do bioma Cerrado, que, até então, não era descrita pela ciência. A descoberta foi feita durante as pesquisas da herpetóloga para sua Tese de doutoramento, e já ganhou repercussão internacional.
A nova espécie de serpente, pertencente à subfamília Dipsadidae, à tribo Elapomorphini, e ao gênero Apostolepis foi batizada como “Apostolepis adhara” em homenagem ao nome da estrela Adhara, que representa o estado do Tocantins, e foi descoberta por Daniella França, que tem apenas 31 anos e já conclui seu doutorado pela Unesp – Rio Claro, em SP.
O motivo da homenagem é porque “A. Adhara” foi encontrada próximo da Hidrelétrica de São Salvador, no município de São Salvador do Tocantins. A espécie recém-descrita se junta às mais de trinta serpentes do gênero Apostolepis já descobertas, comuns na América do Sul, até o leste da Cordilheira dos Andes.
A descoberta da goiana repercutiu fora do país, e foi divulgada pela revista científica de língua inglesa Zootaxa, sob o título “A new species of Apostolepis (Serpentes, Dipsadidae, Elapomophini) from the Cerrado of Central Brazil”, assinado por Daniella de França e pelos herpetólogos parceiros Fausto Erritto Barbo, Helder Silva, Nelson Jorge Silva-Junior e Hussam Zaher, em seu número 4521, volume 4.
Quem é a bióloga goiana que ganhou destaque internacional ao descobrir nova espécie de cobra
Nascida em Goiânia, em 1987, Daniella Pereira Fagundes de França se graduou, em 2008, em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Goiás (UCG), hoje, PUC Goiás, onde desenvolveu trabalho de conclusão de curso sobre serpentes, intitulado “Comportamento de subjugação e ingestão de presas em Bothrops moojeni, Crotalus durissus collilineatus e Crotalus durissus terrificus (Serpentes, Viperidae) em cativeiro”.
Ainda durante a graduação, especializou-se nas áreas de Zoologia de Vertebrados e Educação Ambiental através de estágios no Zoológico de Goiânia e Centro de Estudos e Pesquisas Biológicas de Goiás (CEPB), e de monitoria por dois anos e meio na disciplina de Zoologia de Vertebrados para os cursos de bacharelado e licenciatura em Ciências Biológicas da PUC Goiás. Tornou-se Mestre (M.Sc.) em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais pela Universidade Federal do Acre (UFAC) com a dissertação intitulada “Ecologia e Composição da Herpetofauna no Reserva Extrativista Chico Mendes, Acre – Brasil”.
Agora, Daniella conclui seu doutorado pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp Rio Claro).
A bióloga goiana, fotógrafa e divulgadora científica, possui experiência nas áreas de Zoologia de Vertebrados, Educação Ambiental e Ecologia de Comunidades e Ecossistemas, atuando principalmente em trabalhos e projetos sobre herpetofauna e ornitofauna nos Biomas Cerrado e Amazônia.