Nesta quinta-feira (15/11) a morte do estudante Guilherme Silva Neto, conhecido como Guilherme Irish, de 20 anos, completa dois anos. Por isso, o bar Casa Liberté, tem programação diferenciada a partir de 19h de hoje.
Guilherme Irish foi perseguido pelo próprio pai armado por um quarteirão antes de ser assassinado. O engenheiro civil Alexandre José da Silva Neto, de 60 anos, se matou em seguida, debruçado sobre o corpo do filho.
Guilherme foi surpreendido pelo pai próximo à Praça do Avião. Segundo testemunhas, nesse momento, ele teria efetuado quatro disparos. Mesmo ferido, o jovem chegou a correr, mas o pai entrou no carro e o perseguiu até alcançá-lo e atirar outras vezes.
O crime ocorreu em um dia de feriado em Goiânia, na esquina da Rua 25-A com a Avenida República do Líbano, no Setor Aeroporto. Segundo a Polícia Civil concluiu, pai e filhos brigaram porque Guilherme havia se envolvido na militância política, sobretudo a estudantil. O pai era contrário do envolvimento do filho com movimentos sociais.
Assim que matou o filho, Alexandre se agachou próximo ao corpo do filho e se matou com um tiro. Mesmo depois de socorrido, Alexandre morreu no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).
Guilherme gostava de discutir e protestar contra pautas do Congresso Nacional de que considera contrário, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que estabelece teto para o aumento dos gastos públicos. À época, estava muito em pauta a ocupação de escolas em Goiás e o jovem era a favor.
A mãe do jovem é uma delegada aposentada. Rosália de Moura Rosa Silva, contou para a polícia que, na manhã do crime, vítima e autor discutiram por causa de uma reintegração de posse em uma escola ocupada por estudantes. O rapaz pretendia contribuir para a luta pela educação, mas o pai não o deixou ir.
O engenheiro saiu de casa depois desta briga. Quando voltou, e viu que Guilherme tinha saído, foi atrás dele e o matou.
Homenagem à memória do jovem
Para celebrar a memória do jovem, visto com uma referência anarquista contra o autoritarismo, sobretudo patriarcal, a Casa Liberté, vai realizar um debate e uma celebração.
Participam do debate o professor da faculdade de História da UFG, João Alberto, a militante e mestranda em psicologia Karina Oliveira e o estudante de ciências sociais e também militante Mateus Ferreira.
A roda de conversa tem início às 19h. Logo depois, o bar toca música de “lutas, cânticos militantes de outrora que acabam sendo atuais”. O bar vai tocar Raul Seixas, um dos músicos prediletos de Guilherme Irish. Além disso, o microfone estará aberto para intervenções e manifestações culturais diversas, no melhor do palco aberto. A entrada é franca.