“Eu estou sem medicação há quatro dia e sinto o impacto disso na minha saúde”, conta um jovem de 22 anos. Ele é soropositivo e não conseguiu a medicação necessária por falta de receita de um médico no Centro de Referência em Diagnóstico e Terapêutica Cândido José Santiago de Moura (CRDT), em Goiânia.
O rapaz foi um dos soropositivos que procuram, desde segunda-feira (12/11), um lugar para encontrar medicamentos. “Cheguei lá e vi que estava parado. Os funcionários disseram que não ia ter mais atendimento lá e não souberam esclarecer onde eu e outras pessoas poderíamos procurar ajuda”, conta.
A unidade, a principal referência no diagnóstico e tratamento de doenças como HIV/AIDS, Tuberculose e Hanseníase, funcionava há mais de 20 anos no Setor Norte Ferroviário, foi fechada sem aviso.
Durante toda a semana, protestos ocorreram para tentar reverter a decisão da Prefeitura de Goiânia de Goiânia. Outro usuário do serviço, paciente que trata a Hanseníase, reclama: “O prefeito não é acostumado a olhar para nós mesmo. Se estamos destruídos, eles conseguiram provocar mais danos ainda”, promete.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO), Flaviana Alves, lembra que a prefeitura já tinha ciência dessa mudança há pelo menos cinco meses e criticou a maneira repentina de como foi conduzida a desocupação.
“Faltou respeito da Secretaria de Saúde com os servidores e com os usuários. Não houve planejamento. Há algo nessa mudança tão repentina que precisa ser explicado” cobrou Flaviana.
O vice-presidente do Sindsaúde, Ricardo Manzi, recorda que o Sindsaúde levou a decisão do fechamento ao Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO).
Confira a nota da Governo de Goiás:
A Secretaria de Gestão e Planejamento esclarece que a devolução do imóvel faz parte de convênio firmado entre o Governo de Goiás e a Prefeitura de Goiânia no âmbito do Programa Goiás na Frente.
O convênio visa a implantação de trecho da Avenida Leste-Oeste e a revitalização da Praça do Trabalhador, na capital. O investimento do Estado no projeto será de R$ 35 milhões, em 24 parcelas, com contrapartida da Prefeitura na ordem de R$ 33 milhões.
A devolução do imóvel, emprestado à Prefeitura sem ônus desde 1998, permitirá que o Estado proceda a venda do mesmo, para levantar parte dos recursos previstos no convênio.