Stan Lee foi o mago criador de tantos super-heróis que é preciso fôlego para conseguir nomear todos – Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, X-Men, Hulk, Homem de Ferro, Demolidor, Thor, Dr. Estranho, Os Vingadores, Pantera Negra, Viúva Negra, Gavião Arqueiro, Feiticeira Escarlate, Mercúrio, Nick Fury, Homem-Formiga. Ufa! Quase todos saltaram dos comics para as telas dos cinemas. Criaram um império cinematográfico.
Nada mau para o filho de pobres imigrantes judeus da Romênia que atravessaram o Atlântico, para se estabelecer em Nova York, onde Stanley Martin Lieber nasceu, em 1922. Seu sonho, quando jovem, era escrever um grande romance. Morreu, nesta segunda, 12, aos 95 anos, em Los Angeles, com quase tantos títulos e profissões como os personagens de fantasia que criou, e rebatizado como Stan Lee. Editor, ator, produtor, roteirista de HQs, jornalista, soldado, apresentador de TV, etc, etc… Suas criações movimentaram e movimentarão bilhões de dólares no universo do entretenimento e ele se tornou ainda mais conhecido porque, como o mestre do suspense, Alfred Hitchcock, adorava fazer pontas nos filmes de seus super-heróis, mas aí não era mais Stanley – era Stan.
No recente Pantera Negra, fazia o apostador que interagia com T’Challa no cassino em que o herói tentava capturar Ulysses Klaw. Sua influência cresceu quando, no fim dos anos 1950, os super-heróis andavam em baixa e a DC Comics lhes deu vida nova. Com carta branca do editor da Marvel, Martin Goodman, criou um novo time de super-heróis. Mas é preciso contextualizar. Estava batendo nos 40, cansado de criar estereotipados.
Sua mulher, Joan – com quem foi casado de 1947 a 2017, e a morte dela, no ano passado, produziu-lhe um baque -, incentivou-o a criar heróis mais verdadeiros, com a cara dele. Stan Lee iniciou uma revolução na Marvel.
Os críticos discutem o real significado de tantos superpoderes. Acusam Stan Lee de metaforizar o poderio norte-americano e de haver transformado o universo do cinema num imenso parque temático regado a efeitos.
Seria o responsável pela infantilização da cultura pop no início do terceiro milênio. Ele próprio nunca levou a sério essas acusações. Dizia que, como leitor de ficção científica, sempre gostou de imaginar outros mundos, outras possibilidades. Seus super-heróis tendem a proteger os humanos, a Terra, a democracia. Originaram filmes grandes e, por que não?, alguns grandes filmes. A Comic Con, em dezembro, terá de fazer-lhe justiça.