O pentacampeão mundial de Fórmula 1 Lewis Hamilton foi embora neste domingo de Interlagos só com lembranças positivas da passagem por São Paulo e com o espírito ainda mais brasileiro. O piloto inglês ganhou o GP do Brasil, deu o título do Mundial de Construtores para a Mercedes e, de tanto vibrar com a 72.ª vitória da carreira, caiu no samba no pódio junto com passistas da Acadêmicos do Tatuapé.
A brasilidade de Hamilton ficou evidente em vários momentos do GP do Brasil. Fã de Ayrton Senna, o piloto mandou fazer uma pintura especial do capacete, decorado pelo mesmo amarelo usado pelo ídolo e pelo desenho do Cristo Redentor na parte traseira. Na segunda vitória em Interlagos, o inglês subiu ao pódio seguido por Max Verstappen, da
Red Bull, e Kimi Raikkonen, da Ferrari.
Lewis Hamilton foi durante o fim de semana o piloto mais festejado pela torcida e ganhou aplausos ontem do maior público dos últimos oito anos da prova. Ao longo do fim de semana de corrida estiveram em Interlagos cerca de 150 mil pessoas, segundo dados da organização.
A vitória no Brasil foi facilitada por um acidente. Na 45.ª volta, o então líder Verstappen bateu ao tentar passar o retardatário Esteban Ocon. Os dois rodaram na pista e permitiram que Hamilton retomasse a ponta que havia perdido algumas voltas antes, ao ser ultrapassado pelo holandês.
O pentacampeão do mundo havia largado na pole position e feito um fim de semana bastante regular. O resultado no Brasil possibilitou ao piloto mostrar que mesmo com a conquista garantida, ele não relaxou e continua com sede de vitórias.
Depois da corrida, Hamilton afirmou que Verstappen cometeu um erro por ter se arriscado demais. “Felizmente ele não se machucou e continuou a correr. Eu teria agido de forma diferente, porque os dois não estavam disputando posição”, comentou o campeão inglês.
Ter herdado a vitória por um acidente do concorrente direto não diminuiu a alegria de Lewis. O piloto vibrou de forma efusiva ao estacionar e deixar o carro depois da corrida. Correu para abraçar os mecânicos, que de tanto se aglomerarem na grade de proteção para cumprimentar o pentacampeão, acabaram por fazer a estrutura metálica tombar. Lewis caiu junto.
A alegria pela vitória foi tanta que todos não ligaram para o acidente. O resultado valeu à Mercedes o quinto título seguido no Mundial de Construtores. “Esses mecânicos trabalharam muito. Os últimos anos foram de uma jornada incrível com eles. Todos se esforçam muito. Foi uma honra ter guiado para eles nesta temporada”, disse.
Na festa do pódio, Hamilton estourou champanhe e se permitiu cair no samba ao lado das passistas. O inglês, que tem como principal hobby ouvir música, deu as mãos para as dançarinas e comandou o ritmo.
O GP do Brasil deixou o inglês mais perto do recorde de vitórias na Fórmula 1, pertencente ao alemão Michael Schumacher. O placar agora é 91 a 72.
RETARDATÁRIO – O brilho de Hamilton contrastou com a discrição de outro personagem importante do GP. O espanhol Fernando Alonso se despediu de Interlagos, pista onde garantiu seus dois títulos mundiais, ao chegar em 17.º lugar. O piloto da McLaren ganhou a bandeirada duas voltas atrás do líder e agora embarca para Abu Dabi para fazer a prova final da carreira na F-1.
Conhecido pelo gênio forte, Alonso estava resignado com seu resultado. “Foi um dia normal. Qualquer coisa que fizéssemos, não estaríamos entre os dez primeiros. De qualquer jeito pontuar seria difícil”, comentou. O espanhol se despede de Interlagos sem nunca ter vencido na pista.
Interlagos é uma pista marcante na história de Hamilton e Alonso. Em 2007, os dois pilotos eram companheiros de McLaren quando vieram ao Brasil para a prova da temporada, decisiva para o título. Ambos deixaram escapar a chance de ganhar o campeonato. Depois de um ano marcado por brigas internas, o espanhol preferiu sair da escuderia.
A rivalidade entre os dois esfriou nos últimos anos, pois enquanto o inglês domina a categoria, Fernando Alonso passou a ser tão coadjuvante que tem disputado provas em outras categorias para tentar ser competitivo. Do Brasil ele embarca para a China, para uma corrida do Mundial de Endurance.
“Na Fórmula 1 sabemos que a cada 15 dias se repetem os resultados. Em Abu Dabi deve acontecer algo parecido com o que tivemos em Interlagos. Temos apenas de tentar fazer uma boa corrida”, lamentou. Alonso tem como objetivo principal para 2019 ganhar as 500 Milhas de Indianápolis.