Emerson Fittipaldi é a prova de que não foi só a esperança dos torcedores brasileiros que foi renovada ao ver um dos nomes mais tradicionais do automobilismo reentrar na Fórmula 1. O bicampeão não esconde sua felicidade ao comentar o anúncio de Pietro Fittipaldi como piloto de testes da equipe Haas, seguindo não só seus passos, mas também os de seu sobrinho, de seu irmão e do personagem que começou essa trajetória: seu pai Wilson.
“Isso está na herança da família, o que para mim é muita emoção. Ainda mais estando aqui em Interlagos, lugar onde eu comecei a correr de moto com 14 anos. É muito legal. Eu estava comentando que me lembra muito do meu pai, né?”, conta Emerson, orgulhoso, ao lado de seus dois netos, Pietro e Enzo.
Mas não é só Pietro que tem tido notícias boas no mundo da corrida. O outro neto Enzo acaba de ser campeão da Fórmula 4 Italiana e terceiro colocado na F-4 Alemã. Seu filho Emmo, de 9 anos, também mostra que teve a quem puxar. “Ele está no kart e está indo muito bem. Vamos na segunda-feira para Las Vegas ter a final de um dos maiores torneios do mundo de kart, o SKUSA, até o Michael Schumacher correu nesse torneio há uns anos atrás”, revela o pai, orgulhoso.
No que depender do ex-piloto, os meninos estão feitos. “Quero ensinar eles que nem meu pai me ensinou. É um esporte difícil, você tem que ter muito amor, muita paixão, dedicação e foco. Se não as vitórias não vêm. Se fizer isso você consegue ter resultado e meu pai sempre me ensinou isso”, relembra Emerson, bastante emocionado.
“Precisa de muito suor também. O que o Pietro passou esse ano com o acidente…”, acrescenta o primeiro brasileiro a se tornar campeão mundial de Fórmula 1. O neto de 22 anos bateu em maio durante o treino das Seis Horas de Spa-Francorchamps, tradicional circuito na Bélgica, e sofreu fratura nas duas pernas.
“Meu conselho para eles é o que o Juan Manuel Fangio falou: para você ganhar, primeiro você tem que terminar, só aí você ganha. Primeiro termina, depois termina em primeiro”, explica Emerson. No entanto, o ex-piloto também admite que desde sua época nas pistas, muita coisa mudou. A principal delas? O uso da tecnologia.
“É uma técnica e uma experiência diferente, um desafio muito grande. Na minha época era tudo mecânico, não tinha nada disso, a gente tinha que sentir. Hoje você pega um volante de F-1 e vê o tanto de tecnologia que tem é impressionante, a cabeça deles funciona de outro jeito”, analisa.
Emerson revela que até tentou acompanhar a tecnologia, mas desistiu depois de uma explicação de um técnico sobre todas as funções disponíveis no carro. “Fui testar a Lotus há uns quatro anos atrás e o engenheiro me mostrou tudo que dava para fazer no volante, eu falei: ‘Para. Deixa a melhor regulagem que eu só quero me divertir com o carro'”, relembra.