Dias antes da disputa do GP do Brasil de Fórmula 1, que neste domingo, no circuito de Interlagos, em São Paulo, pela primeira vez não contará com nenhum piloto da casa após 46 anos consecutivos de representatividade do País no grid da prova, a nação também tem outro motivo para lembrar com saudade dos tempos áureos dos seus competidores na categoria. Há exatos 25 anos, em 7 de novembro de 1993, Ayrton Senna conquistou a sua última vitória na F-1.
Naquela ocasião, em sua prova final pela McLaren antes de ser contratado pela Williams para a temporada de 1994, o tricampeão mundial venceu o GP da Austrália, em Adelaide, depois de largar da pole, a única daquela temporada e a 62ª de sua carreira.
Aquela prova realizada há um quarto de século também marcaria a despedida do francês Alain Prost da F-1, então conquistando um tetracampeonato como piloto da Williams, cujo carro foi qualificado como sendo de “outro planeta”, tamanha superioridade técnica que impôs sobre quase todos os demais na temporada de 1993.
Senna herdou justamente o lugar aberto por Prost na equipe inglesa, mas ironicamente não conseguiria conquistar nenhuma vitória em 1994, quando viu o então jovem Michael Schumacher, da Benetton, vencer as duas primeiras provas do ano, no Brasil e depois no GP do Pacífico, mesmo após o brasileiro largar da primeira posição nas duas ocasiões.
Em seguida, Senna morreria de maneira trágica no GP de San Marino, em 1º de maio de 1994, dia em que também partiu da pole antes de sofrer o acidente que custou a sua vida. Schumacher ganharia aquela corrida também, enquanto o ídolo brasileiro teve encerrada de maneira fatídica uma trajetória na qual havia se transferido para a Williams justamente para voltar a ter maiores chances de voltar a ser campeão, o que se tornou inviável por causa do desempenho fraco do motor Ford de sua McLaren em 1993.
Apesar da desvantagem técnica em relação aos motores dos carros da Williams e também da Benetton em 1993, Senna conseguiu uma improvável pole position no finalzinho do treino classificatório realizado no dia 6 de novembro daquele ano. Naquela ocasião, cravou o tempo de 1min13s371 para se garantir no topo do grid.
Curiosamente, o tricampeão cravou a pole enquanto Ron Dennis, então chefe da McLaren, gritava pelo rádio para o brasileiro levar o seu carro até os boxes porque temia uma possível pane seca, pois o piloto então andava com o monoposto praticamente sem gasolina em busca da primeira posição. Entretanto, ele foi até o limite após não conseguir ouvir bem o que o dirigente lhe ordenou pelo rádio.
Mesmo com equipamento inferior aos dos seus principais concorrentes, Senna conquistou nada menos do que cinco vitórias naquele Mundial de 1993, triunfando no GP do Brasil, em Interlagos, no GP da Europa, em Donington Park, na Inglaterra, e também em Mônaco e em Suzuka, palco da prova japonesa do calendário.
VITÓRIA E REVERÊNCIA A PROST – Naquela prova de 7 de novembro de 1993, o ídolo brasileiro foi dominante e só perdeu a liderança quando precisou parar nos boxes para trocar pneus na 23ª volta. Pouco depois, porém, recuperou a ponta quando Prost também se viu obrigado a substituir os compostos de sua Williams. E ele não deixou mais a primeira posição até a 79ª e última volta. O francês terminou em segundo e o inglês Damon Hill, seu companheiro de escuderia britânica, foi o terceiro.
Após a corrida, Senna também tratou de encerrar a grande rivalidade que travou com Prost na F-1 ao levantar os braços do adversário no pódio do GP da Austrália, onde o brasileiro reconheceu, com o gesto raro, o mérito do francês pela conquista do tetracampeonato mundial.
Prost assegurou o seu quarto título na F-1 duas etapas antes, no GP de Portugal. Depois disso, Senna ganharia as duas últimas corridas do ano – antes de triunfar na Austrália, também venceu o GP do Japão. Essa sequência garantiu ao brasileiro o vice-campeonato daquele ano, ficando justamente à frente de Hill, que em 1994 se tornou o seu companheiro de time na Williams. Ao total, o ídolo ganhou 41 provas na F-1.