Osmarildo da Gama Borges, conhecido como Kauan Cigano, de 28 anos, foi preso 13 dias após matar a mulher, Nayara Gama, de 25 anos, e abandonar o corpo dela em uma estrada de terra de Caldas Novas. Ele se entregou na manhã desta quinta-feira (1/11) à Polícia Civil.
O crime ocorreu no dia 19 de outubro. Depois de matá-la, o ex-marido, que é um conhecido cigano que canta música sertaneja nas cidades próximas a Caldas Novas, abandonou desapareceu com o filho do casal, um bebê de 1 ano e três meses.
Segundo o delegado que investiga o caso, Tibério Martins Cardoso, o homem fugiu para São Paulo, passou por Bahia e Matogrosso. Pressionado pelos ciganos, decidiu procurar a delegacia e se entregar.
A criança foi entregue para o Conselho Tutelar de Caldas Novas. Familiares de Nayara souberam da prisão e se dirigem à cidade para buscar o neto.
Antes de se entregar, Osmarildo, diante das ameaças dos ciganos, enviou vídeos em um grupo de ciganos no WhatsApp tentando justificar porque matou a jovem, fugiu e ainda levou o filho do casal.
Ciganos de vários estados deram nove dias para Osmarildo se entregar, ao contrário, ele seria morto. Por isso, ele resolveu gravar os vídeos para culpar a vítima. Conforme contaram membros da comunidade da vítima para a reportagem, se o tempo determinado pelos ciganos se esgotar, um familiar próximo dele pode ser assassinado.
Dor
Cirlene Gama Feitosa, de 47 anos, por telefone. “Ele matou minha caçulinha, minha menina, que nunca me abandonou. Ela me deu dois netos, que são minha força de vida.”
Nayara era a caçula de duas filhas e, para Cirlene, uma amiga. Emocionada, conta para a reportagem que a violência era comum na vida do casal. “Ele batia muito nela. Na última vez, ele deixou o corpo dela marcado, ela foi na delegacia, mas voltou atrás com medo dele ser preso”, revela.
Cirlene conta que não consegue dormir pensando no terror que a filha passou ao ter uma arma descarregada em seu corpo. “Eu falava muito para ela: ‘Minha filha, esse homem vai fazer uma arte com você’. Ele matou minha filha, levou os documentos e jogou o corpinho dela na beira da estrada. Por falta dos documentos, a gente teve dificuldade até para enterrar. Ele não pensou na família. Ele judiou demais dela”, disse ao telefone.
Cantor e violento: o cigano que matou mulher em Caldas Novas
Osmarildo é conhecido nos botecos de Caldas Novas por cantar músicas sertanejas que escrevia para a mulher que ele matou. Por ali, seu nome é Kauan. O Kauan cigano, que atravessava as noites cantando modas de viola.
Meses antes de cometer o crime, o casal se separou e ele escreveu uma melancólica canção para Nayara. “É uma música horrível. Um pavor”, conta uma familiar da vítima.
Quase ninguém gosta de comentar sobre o suspeito de matar a mulher e, quando falam, não querem ser expostos. Em um vídeo no YouTube, Osmarildo ameaça um homem com um revólver. Veja o vídeo aqui.
Além de ciumento, o cantor romântico, que postou vários vídeos no YouTube com mais de 40 mil acessos, proibia a mulher usar celular. “Ele era possessivo, deixava ela ligar para mim apenas pelo telefone dele”, lembra a mãe dela, Cirlene Gama.
Nayara foi assassinada, conta a família, depois que o marido espancou ela durante a madrugada anterior. O delegado suspeita que a criança viu tudo. A mesma criança que não conseguiu se despedir da mãe, outra vítima de feminicídio em Goiás.
“Minha filha morreu porque não queria entregar meu neto para o pai. Ela não conseguia ficar sem o filho”, lembra Cirlene, chorando.