Os 30 anos do primeiro título de Ayrton Senna na Fórmula 1, conquistado com uma vitória no GP do Japão de 1988, foram comemorados em grande estilo nesta terça-feira na sede do instituto que leva o nome do piloto, em São Paulo. Com a presença de membros de fã-clubes do ídolo, o local abrigou uma exposição de itens raros que foram usados ou faturados pelo tricampeão do mundo por causa daquela façanha obtida no circuito de Suzuka.
O clássico capacete amarelo que Senna utilizou na campanha daquele título, o troféu que ergueu após ganhar aquela corrida realizada há exatas três décadas e a honraria que recebeu da Federação Internacional de Automobilismo (FIA, na sigla em francês) por ter se sagrado campeão da temporada estiveram expostos exclusivamente para celebrar o marco deste feito de Ayrton, morto de forma trágica em acidente no GP de San Marino de 1994.
Até mesmo presentes que o herói nacional ganhou dos fãs japoneses, como um carro de F-1 entalhado em madeira e um capacete de samurai, foram expostos pelo Instituto Ayrton Senna. A entidade também trouxe aos visitantes a experiência de poder tirar uma foto ao lado do carro da McLaren que Senna ganhou de presente de Ron Dennis ao vencer uma aposta que fez com o seu então chefe na equipe inglesa na temporada de 1990, ano em que ganhou o segundo dos seus três títulos na Fórmula 1.
Naquela ocasião, Dennis duvidou que Senna poderia triunfar na etapa de Monza, casa da Ferrari, na Itália, mas o brasileiro ganhou a prova e o diretor da McLaren teve de presentear o brasileiro com o belo monoposto branco e vermelho número 27. Os fãs que foram fotografados ao lado da máquina nesta terça-feira também puderam levar para a casa o registro da imagem como recordação.
Torcida, por sinal, foi o que não faltou no evento desta terça-feira. Os presentes encheram uma das salas do instituto para acompanhar a reprise do GP do Japão de 1988, exibida pelo canal SporTV para celebrar a data, e muitos deles vibraram com a vitória de Senna como se estivessem acompanhando ao vivo a bandeirada final. Cornetas e uma salva de palmas também foram ouvidas ao término da prova, sendo que os visitantes logo depois acabaram sendo surpreendidos com a entrada na sala de Bianca Senna, sobrinha de Ayrton, estourando uma das garrafas de champanhe servidas a todos os presentes.
Hoje diretora de branding do Instituto Ayrton Senna, ela repetiu o gesto que o seu tio eternizou na memória dos fãs brasileiros ao comemorar desta forma as suas 41 vitórias na F-1. Uma taça contendo o traçado dos circuitos de todas estas provas vencidas pelo piloto também foi exposta no evento, que chegou até a emocionar alguns dos presentes.
Com os olhos marejados, Altamiro Mauro de Oliveira Dias, que era chamado por Senna de “Pelezão”, lembrou com saudade dos tempos em que trabalhou como preparador de chassis dos karts do piloto, o que começou a fazer para Ayrton já na década de 1970 e continuou fazendo quando o ídolo só ia à pista para se divertir nas horas de lazer, mesmo quando já estava consagrado na F-1.
“Eu o conheci nos anos 70, no bairro da Mooca, e as lágrimas são porque eu me acostumei a estar com ele, por causa da música (o Tema da Vitória), que ninguém esquece. E as lágrimas caíram de saudade e pela emoção de ter convivido com uma pessoa como ele, que representa muito para nós todos”, disse Pelezão, de 60 anos, à reportagem do jornal O Estado de S.Paulo.
“Lembro de quando acabavam as corridas dele de Fórmula 1 e ele ligava para mim pedindo para levar os karts para ele brincar na pista da fazenda dele, em Tatuí (no interior de São Paulo), com outros pilotos”, completou, para depois enaltecer Ayrton como dono de um talento único. “A ‘tocada’ dele no kart era diferente, superior a de todos, diferente de qualquer outro piloto que eu já vi. Tentam copiar, mas ninguém conseguiu. Foi o melhor piloto que eu já vi”, ressaltou.