Centenas de imigrantes hondurenhos encalhados na fronteira da Guatemala com o México começaram a voltar para casa neste sábado, enquanto outros tentaram atravessar o rio que divide os dois países, numa tentativa desesperada de continuar sua marcha para o norte. A caravana norte-americana com cerca de 5 mil imigrantes hondurenhos foi parada pela polícia mexicana nesta sexta-feira, quando tentava atravessar a fronteira sul do México. Centenas de pessoas passaram a noite na ponte internacional sobre o rio Suchiate, uma vez que as autoridades mexicanas restringiram a entrada de requerentes de asilo, dando prioridade a mulheres com filhos.
O Ministério do Interior do México informou neste sábado que 640 imigrantes que buscavam asilo foram admitidos, incluindo 104 crianças. Autoridades locais e federais do México e da Guatemala estão fornecendo alimentos e assistência médica aos imigrantes que estão em dificuldades.
O presidente hondurenho, Juan Orlando Hernandez, disse que cerca de 1,9 mil hondurenhos já voltaram para casa. Será oferecido ao grupo “um pacote de oportunidades” para melhorarem suas vidas, disse Hernandez em entrevista coletiva na Cidade da Guatemala, sem dar detalhes sobre a proposta. Autoridades guatemaltecas estimam que o número de pessoas que voltam para casa não é tão grande. Cerca de 800 pessoas deixaram a cidade neste sábado em ônibus, informou uma autoridade da imigração da Guatemala.
Enquanto alguns voltam, outros buscam alternativa para seguir viagem. Segundo Carlos Martinez, dono de uma jangada improvisada usada para contrabandear pessoas e mercadorias entre os dois países, cerca de 300 viajantes hondurenhos cruzaram o rio ilegalmente desde sexta-feira. Atravessar ilegalmente é arriscado por causa da forte presença policial mexicana do outro lado do rio. Cerca de 500 policiais foram implantados na fronteira nos últimos dias. Se detidos, aqueles que cruzam o rio serão deportados.
O presidente Hondurenho disse que os participantes da caravana foram manipulados para uma perigosa jornada por causa de falsas promessas. “Por razões políticas, o desespero dos seres humanos é usado para obter vantagem”, disse Hernandez a seus compatriotas após se encontrar com o presidente guatemalteco Jimmy Morales, sugerindo que a oposição política interna está tentando desacreditar seu governo.
A marcha, que enfureceu o presidente dos EUA, Donald Trump, começou na semana passada com cerca de 200 pessoas. Elas se reuniram em San Pedro Sula, uma perigosa cidade hondurenha, com a ideia de seguir em uma caravana para os EUA. Os membros do grupo foram encorajados a tentar a sorte porque imigrantes que viajaram em uma caravana anterior havia recebido o status de refugiado nos Estados Unidos, disse Eldan Cruz, consultor de comunicação em San Pedro, que disse conhecer alguns dos organizadores.
Os primeiros recrutas da caravana receberam a informação sobre o grupo por WhatsApp. Então, a mídia local começou a cobrir os preparativos da caravana e o número de pessoas que se inscreveu aumentou. “É um caso de histeria coletiva”, disse Cruz. Ele acredita que a caravana foi resultado da pobreza e do desespero que existe em Honduras, e não por causa de conspiração política.
Neste sábado, Trump elogiou a postura mexicana. “Nós realmente agradecemos o que o México fez na fronteira”, disse, durante comício em Nevada. “Agora o México respeita a liderança dos Estados Unidos”. Para o presidente norte-americano, a caravana foi organizada por pessoas “más” e que também tinha pessoas “más”.
Fonte: Dow Jones Newswire