A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, admitiu nesta segunda-feira, 15, pela primeira vez, que um eventual fracasso nas negociações para o Brexit, o divórcio do país com a União Europeia, pode levar a um segundo referendo sobre o tema, se houver tempo hábil para sua realização.
A advertência foi feita nesta segunda-feira, 15, de forma velada em um pronunciamento à Câmara dos Deputados. Segundo May, a resistência da ala mais radical do Partido Conservador em apoiar sua proposta de separação pode deixá-los “sem Brexit”.
Esta semana será decisiva para o futuro das relações entre o Reino Unido e a UE. Entre quarta e sexta-feira, chefes de Estado e de governo dos 28 países-membros se reunirão em Bruxelas para buscar um acordo sobre o divórcio, três dias após a última rodada de discussões terminar sem acerto entre as partes. O prazo final para o Brexit é março de 2019.
O principal ponto de conflito entre Londres e Bruxelas é a falta de um projeto claro para o futuro da fronteira entre a Irlanda, país-membro da UE, e a Irlanda do Norte, território britânico. Os dois lados dividem a ilha hoje sem fronteira física e sem obstáculos à livre circulação de pessoas e mercadorias. No entanto, se o Reino Unido deixar a UE e não houver um acordo de livre-comércio, a Irlanda e a Irlanda do Norte seriam obrigadas a recriar o controle alfandegário.
Pela proposta de May, esse controle se daria por uma espécie de seguro que permitiria a livre circulação de mercadorias na ilha mesmo sem uma aduana física. No entanto, os negociadores de Bruxelas não aceitam essa solução, que julgam inverossímil, ao mesmo tempo em que rejeitam uma fronteira física.
O impasse é o mais grave e vem travando um acordo. Nesta segunda-feira, 15, May pediu aos parlamentares que apoiem a sua proposta, negociada com Bruxelas, que é criticada tanto por deputados anti-Brexit, quanto pelos que querem uma separação radical, sem acordo com a UE.