Felipe Massa vai dar a largada em um novo desafio em sua carreira a partir de terça-feira. No Circuito Ricardo Tormo, em Valência, o brasileiro vai participar pela primeira vez dos testes coletivos da Fórmula E, cuja quinta temporada terá início em dezembro. Será a primeira vez que o ex-piloto de Fórmula 1 poderá avaliar seu desempenho em comparação aos rivais em sua nova categoria. Mas, para tanto, terá que superar alguns obstáculos.
O primeiro deles será o “volante pesado” da competição de carros elétricos organizada pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA). “Um carro da Fórmula E, fisicamente, é muito mais tranquilo de pilotar do que um F-1. Só que você não tem noção de como é pesado o volante”, revela o piloto em entrevista ao Estado. “A direção é pesada, o volante é maior. Precisa fazer bastante exercício físico para o braço. São duas categorias bem diferentes”, ressalta.
Em compensação, o esforço físico para o restante do corpo será menor, diz o piloto. Afinal, os carros da F-E são mais lentos. Tem velocidade máxima de 280 km/h porque só correm em circuitos de rua, mais estreitos, e com maior risco de acidentes. Um carro de Fórmula 1 pode superar 350 km/h atualmente.
Massa também aponta uma limitação peculiar aos monopostos de motor elétrico. Se na Fórmula 1 há a preocupação constante em poupar a borracha dos pneus, na F-E o desafio é economizar bateria. “A maior dificuldade é aprender a guiar o carro de um jeito que salve salvar o máximo possível de bateria durante a corrida. E não é pouca coisa que precisa salvar.”
Na pista, outros desafios serão os pneus, mais próximos do que se utiliza normalmente nas ruas, e as disputas mais “quentes” entre os pilotos. “Os carros batem bastante. Eu vou ter que entender o jeito de guiar o carro, encostando nos outros da ‘maneira correta’. Vai ser mais um aprendizado”, prevê.
Desde que anunciou sua entrada na Fórmula E, ao acertar com a equipe Venturi, na metade de maio, Massa já participou de cerca de 20 dias de treinos em diferentes pistas. “Estava treinando praticamente toda a semana. Tive muito trabalho para me adaptar ao carro e terei ainda mais daqui para a frente”, afirma. Mas ainda é cedo para avaliar seu desempenho na categoria, daí a expectativa para os testes na Espanha. “Será algo mais real, cada um com o seu carro. Aí saberemos como estamos em comparação aos outros pilotos.”
A maior facilidade para Massa é a proximidade da fábrica da sua equipe, localizada perto da sua casa, em Montecarlo. “O simulador fica a cinco minutos andando da minha casa, em Mônaco. Eu não preciso mais pegar avião para ir para o simulador”, brinca o piloto, que precisava viajar para Itália e Inglaterra na época da F-1 para visitar as fábricas da Ferrari e da Williams, respectivamente.
Empolgado com o novo desafio, o vice-campeão mundial de Fórmula 1 em 2008 já aposta no futuro da categoria de carros elétricos. “A F-E é o futuro, não só como categoria mas também nas ruas. Logo a maioria dos carros nas ruas vão ser elétricos”, diz Massa.
Ele admite que já faz esforço para trazer uma etapa para o Brasil. A meta inicial dos organizadores era realizar a corrida neste ano em São Paulo. Porém, a proposta de privatização do Anhembi, onde seria disputada a prova, fez o promotor da F-E, Alejandro Agag, recuar. “Já conversei com o Alejandro sobre o assunto. E o que eu puder fazer para ajudar, vou fazer com o maior carinho. Acho que a F-E tem tudo para estar correndo no Brasil.”