Três mulheres foram condenadas a nove anos de prisão por terem torturado cruelmente, constrangido e ameaçado de morte a tia de uma delas, em Rio Verde. Segundo a denúncia, o caso, que aconteceu em 2016, teria sido motivado por uma suposta traição do marido da sobrinha com sua tia.
De acordo com a denúncia que foi formulada pelo Ministério o Público do Estado de Goiás (MP-GO), uma das sobrinhas teria descoberto que a tia, que é casada com o irmão de sua mãe, estava mantendo um relacionamento extraconjugal com o seu marido e, furiosa, chamou sua mãe e sua irmã para se vingar.
No dia 9 novembro de 2016, por volta das 8h30, depois de constatar que o tio estava viajando e a tia estava sozinha em casa, foram até sua residência e pediram que ela cuidasse da filha da mulher que supostamente estava sendo traída, porque elas iriam até uma cartomante em Santa Helena de Goiás.
Assim que chegou à casa da sobrinha, a vítima recebeu uma gravata e foi jogada no chão, e foi quando começaram as torturas. Segundo relatos da vítima, ela recebeu tapas no rosto, chutes, e, duas das mulheres, que portavam facas, fizeram menção de cortar seu peito e seu pescoço.
A mulher ainda contou que as três lhe bateram muito, amarram suas mãos com um lençol e amordaçaram a sua boca para que não gritasse.
A vítima sustentou, em depoimento, que sua cunhada, com uma das filhas, tentou enfiar um vidro de pimenta em suas partes íntimas, mas ela teria cruzado as pernas e elas não conseguiram abri-las. Ela também afirmou que durante as agressões as sobrinhas e a cunhada a chamavam por termos pejorativos e ofensivos como “vagabunda”, “vadia”, “capeta ruim” e “nordestina morta de fome” e que elas usaram um pedaço de pau com um prego na ponta e uma corda amarrada para para bater na sua cabeça, rosto, costas e em outras partes do corpo, causando-lhe intenso “sofrimento físico”.
As mulheres também foram condenadas, além dos crimes de tortura e injúria, por terem subtraído o celular da vítima para filmar toda a agressão, como meio de pressionar a vítima a confessar o relacionamento extraconjugal.
A vítima finalizou contando que, mesmo mesmo estando muito ferida, conseguiu sair da casa da sobrinha, assim que viu o portão da frente abrindo. Muito fraca e com os olhos inchados pelas agressões, ela relatou que caiu na rua, quando uma pessoa se aproximou e a ajudou a chamar um táxi. A mulher ficou internada por um dia em razão das lesões, e levou dois meses para se recuperar dos ferimentos, pois teve uma costela quebrada.
A condenação das mulheres do caso de Rio Verde
A juíza Tatianne Marcella Mendes Rosa Borges, da 2ª Vara Criminal da comarca de Rio Verde, que julgou o caso, declarou que “a materialidade delitiva está devidamente amparada pelo boletim de ocorrência, laudo de exame médico do corpo de delito da vítima, ficha de atendimento do paciente, laudo de exame de lesão corporal complementar, fotos, todos do inquérito policial”, havendo “provas contundentes a cerca da prática criminosa pelas denunciadas”.
Em depoimento, o marido da vítima relatou que nunca teve problemas em seu casamento, possuindo uma relação muito harmoniosa com sua esposa. Ele levanta a hipótese de que tudo aconteceu por inveja das três, uma vez que sua família e seus filhos são os únicos que têm pai presente.
A soma unificada das reprimendas aplicadas à mulher que se disse traída e à sua irmã foi de 9 anos e 10 meses de reclusão. A primeira foi penalizada também com 30 dias-multa e, a segunda, com 20 dias-multa, todas no valor de 1/30 dos salário mínimo vigente ao tempo do fato e devidamente atualizado quando da execução. A mãe pegou a definitiva de 9 anos e quatro meses de reclusão, mais 20 dias-multa.