O custo da Olimpíada de Tóquio continua subindo rapidamente, apesar de os organizadores locais e do Comitê Olímpico Internacional (COI) insistirem que estão reduzindo as despesas. Um relatório recente divulgado pelo governo japonês mostrou que o país vai gastar US$ 25 bilhões (aproximadamente R$ 93 bilhões) na realização dos Jogos de 2020 e que o valor final poderá ser ainda maior.
Isso quase quadruplica o que foi estimado quando Tóquio apresentou sua proposta para se tornar sede do evento em 2013, quando foi projetado um investimento de US$ 7,3 bilhões (R$ 27,1 bilhões).
Manter o controle das despesas em Tóquio está se tornando cada vez mais difícil. As obras são aceleradas, as datas de entrega estão mais próximas, além das disputas sobre o que constitui ou não uma despesa relacionada aos Jogos. A difícil contabilidade também complica a tarefa de identificar responsáveis por um pagamento.
“Os Jogos Olímpicos são o único megaprojeto que sempre excede seu orçamento. Isso é incrível”, disse Bent Flyvberg, uma autoridade em questões de financiamento olímpico, ao explicá-lo em um estudo publicado em 2016. Flyvberg observou que o estudo não poderia “identificar uma única” edição dos Jogos que fora realizada conforme o planejado ou que custara menos. Tóquio-2020 é mais um exemplo.
Em dezembro, o Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio informou que seu orçamento era
equivalente a US$ 12 bilhões (R$ 44,6 bilhões). Isso consistia em contribuições equitativas de US$ 5,3 bilhões (R$ 19,7 bilhões) do Governo Metropolitano de Tóquio e Comitê Organizador, com outros US$ 1,3 bilhão (R$ 4,8 bilhões) injetados pelo governo nacional.
Mas um mês depois, o governador de Tóquio, Yuriko Koike, disse que a cidade
teria que contribuir com US$ 7,2 bilhões (R$ 26,7 bilhões) extras “para projetos diretos ou indiretos”. Koike explicou que as despesas correspondem a construção de instalações especiais para atletas paralímpicos, na formação de voluntários, na publicidade e promoção turística. Tudo isso elevou o custo total para quase US$ 19,1 bilhões (R$ 71 bilhões).
Tanto o COI quanto os organizadores locais diferiram dos desembolsos feitos para a realização da Olimpíada, descrevendo-os como “custos administrativos normais” e “fora do orçamento global”.
Quando perguntado sobre o assunto na terça-feira, o presidente do COI, Thomas Bach, respondeu que o corpo olímpico “não tem influência” sobre o relatório governamental. “Esta é uma discussão que temos com todos os orçamentos dos Jogos Olímpicos”, admitiu o dirigente em Buenos Aires, na Argentina, durante a 133ª Sessão do COI.
Bach ressaltou que muitas vezes o que é contemplado como uma despesa dos Jogos é realmente um investimento no futuro e, nesse sentido, ele deu o exemplo da Vila Olímpica que Buenos Aires construiu para acomodar os atletas nos Jogos da Juventude de 2018 e que foi comercializada como edifícios residenciais.