Morreu na madrugada deste sábado, 6, aos 85 anos, a soprano espanhola Montserrat Caballé. Uma das principais cantoras líricas da segunda metade do século XX, ela estava afastada dos palcos desde 2012, quando passou mal durante um concerto na Rússia.
Sua carreira foi marcada por interpretações marcantes do grande repertório, que fizeram dela presença constante nos principais palcos do mundo. No início dos anos 1990, sua fama extrapolou o mundo da ópera com a gravação de um disco de canções ao lado de Freddy Mercure, líder da banda Queen.
Caballé nasceu em 1933 em Barcelona. Sua primeira grande oportunidade nos palcos, responsável por lançá-la em definitivo, foi a ópera Lucrezia Borgia, de Donizetti, que ela cantou em Nova York em 1965 substituindo de última hora outra soprano. Desde então, suas interpretações para peças do período do bel canto tornaram-se referência.
“Ela foi a maior cantora bel cantista da era pós Maria Callas. Para aqueles que valorizam a beleza do som e o canto marcado pelo verdadeiro legato, ela não teve rivais desde Rosa Ponselle, nos anos 1920”, escreveu o crítico Martin Kettle, do Guardian, ecoando um veredito comum em análises de sua carreira.
Com o tempo, ela atuaria em 90 óperas, num total de mais de 4 mil performances. Nos anos 1980, se uniu ao tenor José Carreras em uma série de registros de óperas como Lucia di Lammermoor e Tosca, regida por Colin Davis.
Seu legado discográfico tem ainda marcos como Don Carlos (com Carlo Maria Giulini), Turandot (com Zubin Mehta), Norma (com Richard Bonynge), Andrea Chenier (com Riccardo Chailly), Mefistofele (com Oliviero de Fabritis), I Pagliacci (com Nello Santi) e Elisabetta, Rainha da Inglaterra (com Gianfranco Masini), entre outros registros.
Nos últimos anos, somou-se à sua trajetória uma polêmica provocada por problemas com o fisco espanhol.
Em dezembro de 2015, após longa batalha judicial, ela foi considerada culpada por evasão fiscal e condenada a seis meses de prisão e a pagar uma multa de cerca de R$ 800 mil.