A TV Anhanguera divulgou, na manhã desta quinta-feira (4/10), a transcrição de uma conversa que compromete ainda mais a imagem do ex-governador de Goiás e candidato ao Senado, Marconi Perillo (PSDB).
O repórter Honório Jacometo teve acesso a escutas telefônicas da Polícia Federal (PF), anexadas no inquérito a que o Ministério Público Federal (MPF) e a PF se basearam para desencadear a Operação Cash Delivery.
As escutas revelam uma conversa entre dois funcionários do doleiro Álvaro José Novis, um dos delatores da Lava Jato, e de um motorista de Jayme Rincón, um dos cinco presos depois de cumprimento de mandado e busca e apreensão em endereços ligados a Marconi Perillo (PSDB).
A conversa entre o grupo, segundo a Polícia Federal informou à TV Anhanguera, trata-se da entrega de R$ 1,2 milhão em propina da Odebrecht para campanhas do ex-governador Marconi Perillo nas eleições de 2010 e 2014.
Ainda conforme a reportagem, a transcrição da conversa é um diálogo entre Márcio Garcia de Moura – policial militar e motorista de Rincón, que acabou preso na Operação Cash Delivery – e um homem identificado como Márcio, que, conforme a corporação, também é PM e funcionário do doleiro Álvaro José Novis.
- Moura: Aí veio 3 mensageiros seus. É isso mesmo?
- Márcio: É, um levou 7 e outro levou 5, Né?
- Moura: Então tá certo, né?
- Márcio: Isso. Aí faz um ponto dois. [segundo a PF, ele se refere a R$ 1,2 milhão de reais].
Advogado de Marconi Perillo classifica vazamento a “intenção eleitoreira”
“Só vou falar depois das eleições. Pedi a delegada para que ele fosse escutado depois de domingo. Não quero fomentar essa intenção eleitoreira. Não vou fazer o jogo eleitoreiro”, disse ao Portal Dia Online, o advogado do ex-governador Marconi Perillo, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
Segundo a reportagem, em um dos trechos do inquérito, teria dito ao executivo da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis, que ele esperasse uma contribuição “do tamanho da Odebrecht”, no Estado de Goiás.
Ainda conforme o inquérito, quando Marconi Perillo teria solicitado os valores para suas campanhas, parecia concordar com os interesses da Odebrecht em Goiás, um deles, a construção do VLT, que não foi para frente, e o esgoto no Entorno do Distrito Federal.
Ainda segundo a reportagem da TV Anhanguera, os policiais militares eram responsáveis por buscar o dinheiro de propina em São Paulo. Um dos indícios é de que R$ 1,2 milhão teria sido entregue na Rua Hadock Lobo, na capital paulista. Este seria o endereço, diz a PF, do apartamento onde mora o filho de Jayme Rincón, Rodrigo Rincón, um dos presos da Operação Cash Delivery.
Em um segundo trecho da conversa, o motorista do doleiro liga para um outro motorista de Jayme Rincón, identificado como Sérgio. O motorista quer confirmar o endereço do prédio.
- Márcio: Oi, Sérgio. Meu nome é Márcio. Tudo bom?
- Sérgio: Tudo joia!
- Márcio: Tudo bem. Eu tenho umas encomendas aí para te entregar. Só confirmando contigo. Aí é 1259, 72 né?
- Sérgio: 1259, 72 [segundo a PF, trata-se do número do prédio e apartamento Rodrigo Rincón]
- Márcio: Aguarda aí que já estão caminhando para aí, está bom?
- Sérgio: Tudo bem!
A Polícia Federal ainda conseguiu acessar conversas via Skype, ligações de celulares e passagens aéreas dos PMs – a dupla voou de Goiânia a São Paulo.
do diretamente com o recebimento do dinheiro, tendo sido beneficiário de parte dos pagamentos.