José Carlos Peres continua na presidência do Santos. Em votação realizada neste sábado que foi iniciada pela manhã e só foi encerrada à noite, na Vila Belmiro, o dirigente venceu com folga e escapou de sofrer impeachment em dois processos movidos contra ele.
Em um deles, de número 819, 2.001 sócios do clube (63,22%) votaram pela permanência do mandatário, enquanto outros 1.115 (36,49%) foram favoráveis à saída do cartola. Essa fase da apuração também contou com oito votos nulos e um em branco, totalizando 3.165 participantes.
Um segundo processo, de número 919, contou com 2.064 sócios (65,08%) votando contra o impeachment de Peres e outros 1.088 (34,31%) a favor, além de 11 votos nulos e oito em branco, somando assim 3.171 pessoas filiadas ao clube participando desta eleição.
A Assembleia Geral Extraordinária do Santos foi convocada após dois pareceres da Comissão de Inquérito e Sindicância do clube, que defendiam o impeachment do dirigente, serem aprovados em reunião do Conselho Deliberativo, no início deste mês.
Duas denúncias foram apresentadas pedindo a saída do dirigente, sendo uma delas do conselheiro Alexandre Santos e Silva, que apontava como irregular uma portaria publicada pelo dirigente, na qual define que todas as contratações devem ser decididas pelo presidente, ignorando o Comitê de Gestão, principal órgão administrativo do clube.
Já o outro processo foi apresentado pelo conselheiro Esmeraldo Soares Tarquínio de Campos Neto e o acusava de ser sócio em uma empresa de agenciamento de atletas, a Saga Talent Sports & Marketing, sendo que neste caso o dirigente se defende afirmando que não violou o Estatuto do Santos porque a empresa estava inativa.
No final da apuração da eleição deste sábado, Peres evitou dar um tom de comemoração à vitória que teve nas urnas, mas não escondeu alívio por ter triunfado nesta batalha para poder seguir presidindo o Santos. “Eu tinha o sentimento que dava para passar (pelo processo de impeachment), pois você pode captar isso nas redes, pelos sócios, pelo apoio. E eu recebi isso com humildade. E agora é a gente dar as mãos. Eu preciso de paz para trabalhar”, pediu o dirigente, em entrevista coletiva.
Em seguida, ele defendeu que “fez o que tinha de fazer até agora” em sua gestão no clube, mas ponderou também “que isso lhe custou também muito cansaço”. “Tinha de resolver esse ‘entulho financeiro’ que o Santos tinha, e ainda temos ainda uma boa parte, sendo devemos ainda mais de R$ 80 milhões a serem pagos até dezembro. Ontem nós pagamos R$ 25 milhões para a Doyen (grupo de investimento esportivo). Então, existe essa preocupação de chegar bem no final do ano tudo e eu tenho de estar em paz com todo mundo, pois se não for assim eu não consigo administrar o clube”, reforçou Peres ao se referir às dívidas acumuladas na gestão anterior, de Modesto Roma Júnior.
Agora com a sua permanência no cargo garantida, o cartola foi eleito presidente do Santos em dezembro de 2017, quando assumiu para cumprir um mandato de três. Porém, a sua gestão foi marcada por constantes crises internas, que incluíram o rompimento com Orlando Rollo, seu vice-presidente e que iria sucedê-lo caso o impeachment fosse aprovado neste sábado.
Ao comentar como fica a situação de Rollo com a sua continuidade à frente do clube, Peres avisou neste sábado: “Por mim, ele não fica”. Favorável ao impeachment do atual mandatário alvinegro, o vice santista votou neste sábado e em seguida deixou a Vila Belmiro. Talvez já ciente de que as parciais da apuração das 10 urnas da eleição apontavam o inevitável sucesso do presidente no pleito com os sócios, ele não voltou ao local para acompanhar o fim da votação.