A Justiça anulou nesta sexta-feira a validade da última eleição presidencial do Vasco, realizada em novembro de 2017 e que foi repleta de polêmicas e confusões. A juíza Glória Heloiza Lima da Silva, da 28ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, deferiu o pedido de tutela de urgência feito pelo advogado Alan Belaciano, com base em denúncias de fraudes no pleito.
A magistrada ainda determinou que seja realizada uma nova eleição do Conselho Deliberativo do clube no dia 8 de dezembro e agendou um novo pleito para definir o presidente vascaíno no dia 17 do mesmo mês. No caso, a primeira destas eleições servirá para os sócios escolherem, por meio de votação, as chapas vencedoras que formarão os membros do Conselho Deliberativo.
A decisão da juíza, porém, ainda é passível de recurso. E o Vasco ainda poderá continuar sendo conduzido de maneira interina e provisória pela atual gestão, cujo presidente é Alexandre Campello. Ao mesmo tempo, Glória Heloiza Lima da Silva determinou em seu despacho que estão “inaptos para votar e serem votados todos os subscritores da Chapa Azul (liderada por Eurico Miranda), destinatária direta das fraudes praticadas, bem assim todos os ‘associados’ envolvidos com as fraudes já mencionadas”.
“Estão mantidos, interina e provisoriamente, os gestores e mandatários em exercício, diante da necessidade de garantir a segurança jurídica dos atos jurídicos já praticados, que poderão ser ratificados ou não após a posse dos novos eleitos”, informou a juíza em sua decisão, na qual estabeleceu o prazo máximo de 15 dias para interposição de recurso contra a mesma.
A eleição iniciada em 7 de novembro de 2017 e encerrada na madrugada do dia, em São Januário, acabou tendo como vencedora a chapa “Reconstruindo o Vasco”, liderada por Eurico Miranda, que então presidia o clube. Naquela ocasião, o polêmico dirigente triunfou ao receber 2.111 votos, enquanto a chapa “Sempre Vasco”, capitaneada por Julio Brant, contabilizou 1.975.
A chapa de oposição, porém, acionou a Justiça e conseguiu impugnar o resultado do pleito por causa da apuração de uma urna, de número 7, chamada de “urna da discórdia” e que continha 475 votos, contabilizados em separado, sendo que a mesma apontou 428 votos para Eurico e apenas 42 a Brant. E a juíza que determinou novas eleições para dezembro concluiu que houve fraudes também em outras urnas da eleição.
A suspeita sobre o resultado da eleição residiu no fato de que estes 475 votos da chamada “urna da discórdia” foram dados por torcedores que se tornaram sócios do clube de forma maciça entre novembro e dezembro de 2015, quando se encerrou o período para se tornar apto para participar do pleito. E a anulação dos votos da urna 7, em outra decisão da Justiça, acabou fazendo com que a chapa formada por Julio Brant e Alexandre Campello fosse declarada vencedora da última eleição do Vasco.
Os vencedores deste pleito ganharam o direito de indicar 120 conselheiros, enquanto outros 30 puderam ser escolhidos pelo segundos colocados. E estes indicados se juntaram a outros 150 conselheiros natos que compuseram o pleito do Conselho Deliberativo para eleger o presidente do clube.
Com a decisão da Justiça, a chapa “Sempre Vasco” parecia encaminhada para passar a administrar o clube. Porém, Campello acabou rompendo com Brant e se uniu aos aliados de Eurico Miranda. E isso ocorreu antes da segunda fase do pleito, no qual o presidente, de fato, é eleito. Assim, o velho mandatário vascaíno se fortaleceu novamente e Campello foi confirmado como presidente vascaíno para o triênio 2018-2020.
Entretanto, esta nova decisão da Justiça do Rio, anunciada nesta sexta-feira, voltou a abrir a possibilidade de a chapa “Sempre Vasco” assumir a presidência do clube. Brant é ligado ao advogado Alan Belaciano, que teve pedido de tutela de urgência atendido para anular a última eleição do Vasco, e já confirmou que participará do novo pleito em dezembro.