Assim como no Instagram da marca, de onde tirou todos os posts antigos, Hedi Slimane fez se debut na Céline sem olhar para trás, evitando referências ao estilo que a estilista Phoebe Philo vinha imprimindo. Perde espaço a mulher adulta, naturalmente chique e suave da grife, abrindo alas para uma nova geração de meninos e meninas magérrimos, mais hard e rocker na atitude, envoltos numa atmosfera mais noturna e bem menos solar do que sua antecessora.
É Hedi Slimane em sua essência, mudando tudo (o logo inclusive) e repetindo um imaginário que deu certo antes, mas que a certa altura causou enfado na Dior Homme e também na Saint Laurent. O desfile da noite desta sexta, 28, em Paris foi um balde de água fria para quem esperava novidade – impressão acentuada pela abertura solene com dois percussionistas da Guarda Republicana Francesa em cena.
Numa coleção onde reinam preto e branco, há vestidos curtinhos, muito deles bufantes, com shapes arredondados e aplicações de cristais, bolerinhos de alfaiataria com ombros amplos e geométricos, minissaias e tops de babados. Os pontos de luz e cor são pontuados por vestidos justinhos metalizados em verde, vermelho, dourado e prata.
Teve a estreia do masculino também, com muitas jaquetas de couro (não vão faltar opções na Céline, para elas e para eles), costumes slim (com calças suavemente amplas no quadril) usados com camisas clássicas e gravatas fininhas, trenchs e bombers É um guarda-roupa de vocação atemporal, clássico, mas que pode funcionar comercialmente falando. É o começo da gestão Slimane à frente da casa francesa.
Surgida no fim da Segunda Guerra Mundial focando em calçados infantis sob medida, a Céline se reinventou como uma marca feminina de pegada esportiva nos anos 60 antes de se tornar a grife cool e chique de uma mulher contemporânea nas mãos de Phoebe Philo, a partir de 2008.
Os próximos passos de Slimane prometem ser o lançamento de uma linha de alta costura e de uma fragrância. E, disse ele, investir em várias coleções intermediárias entre uma temporada e outra.