Em janeiro deste ano, a Céline anunciou ao mundo uma novidade inesperada: Hedi Slimane, ex-Dior Hommes e Saint Laurent, foi nomeado o novo diretor criativo da marca francesa. Bastou isso para que muitos fashionistas, grande parte deles admiradores do estilo clássico, chique e descomplicado da ex-estilista Phoebe Philo criticassem a decisão.
Em setembro, ele divulgou o novo logo da grife, com menos espaçamento entre as letras e sem o acento agudo no primeiro ‘e’ (em 2012, o designer fez parecido ao renomear a Yves Saint Laurent para Saint Laurent Paris). Bastou isso para criar uma revolta no mundo da moda.
Nas ruas de Paris fãs da grife estão rabiscando o acento sobre os cartazes da campanha e os comentários do Instagram da Céline estão divididos entre os que estão ansiosos para a estreia de Slimane e outros que criticam o estilista. Os comentários vão de “Pior mudança possível… destruiu outra marca” a “estou muito ansioso e mal posso esperar, já que a Céline é sempre monótona e espero que seja um desfile divertido.”
Seus primeiros passos serão mostrados na sexta, 28, data que está marcado o desfile da Céline na Semana de Moda de Paris. Dias antes, ele deu uma entrevista exclusiva ao jornal francês Le Figaro falando sobre as novidades para a grife.
Um dos principais assuntos, claro, foi a diferença entre o seu estilo e o de Phoebe Philo. “Nossa visão é naturalmente distinta. Além disso, você não entra em uma marca de moda para imitar o trabalho de seu predecessor, muito menos roubar a essência dele, seus códigos e elementos de linguagem. A meta não é também ir para o lado oposto também”, diz. “Também significa começar um novo capítulo. Você chega com uma história, uma cultura, uma linguagem pessoal diferente daqueles que já trabalham lá. Você tem que ser você mesmo, contra todas as probabilidades. Na Céline, o peso do passado não é tão forte como na Dior ou na Saint Laurent. Podemos nos libertar mais fácil.”
Slimane também explica o motivo que o fez retirar o acento do novo logo da grife, deixando claro que não é uma questão de marcar território, mas sim de voltar às origens da Céline. “É sobre colocar a igreja novamente no centro da vila. É ortodoxo, bem simples. Instalar elementos de linguagem que estão enraizados na história original da casa, em suas fundações, e retornar a um alinhamento arquitetônico e gráfico é essencial para o projeto”, conta.
“As reações sobre as marcas são sempre emocionais, e hoje em dia estão ampliadas por causa das redes sociais. É normal. Tudo isso foi antecipado. Mas tinha que ser feito. As grandes maisons estão vivas, elas têm que evoluir e desenterrar a essência do que realmente são – tudo menos indiferença. Você não bagunça as coisas evitando fazer ondas. Se não tem debate, significa que não tem opinião – é a definição de conformismo cego.”