Mesmo com as mudanças esperadas para o setor de energia nas próximas décadas, em meio a políticas relacionadas à mudança climática e investimentos em fontes renováveis, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) projeta demanda crescente pela commodity até 2040.
Em relatório apresentado neste domingo, 23, em Argel, o cartel prevê que a demanda mundial subirá para cerca de 111,7 milhões de barris por dia (bpd) em 2040, de 97,2 milhões em 2017. A demanda apenas nos países em desenvolvimento deve crescer mais de 22 milhões de bpd entre 2017 e 2040, passando de 44,4 para 66,6 milhões de bpd. Segundo as projeções, a Índia será o país que verá crescimento mais rápido da demanda, mas ainda ficará atrás da China, o principal consumidor entre os emergentes.
Na América Latina, a melhora das condições econômicas, particularmente no Brasil e na Argentina, devem dar apoio ao aumento da demanda, de acordo com a Opep. “No Brasil, onde o potencial petroquímico é substancial, a recuperação da demanda doméstica provavelmente incentivará novos projetos”, afirma o cartel.
Países fora do grupo
A oferta de petróleo por não membros da Opep deve continuar crescendo nos próximos anos, subindo de 41,8 milhões de barris por dia (bpd) em 2017 para 47,4 milhões de bpd em 2023, de acordo com relatório divulgado hoje. A partir de então, a expectativa da Opep é que a oferta de petróleo por outros países comece a cair, baixando a 40,7 milhões de bpd em 2040.
“De 2023 a 2040, a oferta de petróleo fora da Opep deve recuar 6,7 milhões de bpd, dos quais quase metade será devido à menor produção pelos EUA. Outras áreas
de declínio notável na produção de petróleo neste período incluem Europa (OCDE), China e outras partes da Ásia. Em contraste, a Eurásia e a América Latina devem ver a produção de petróleo subir nesse período”, destaca o documento.
A Opep projeta crescimento de 1,4 milhão de bpd no Brasil até 2023, para 3,9 milhões de bpd. Boa parte dessa alta virá da exploração do petróleo do pré-sal, segundo as projeções.
Em relação ao cenário de refino do petróleo, a Opep afirma que a adição de capacidade mundial está alinhada com a demanda entre 2018 e 2020, mas, a partir daí, a tendência é de descompasso, uma vez que é esperada uma desaceleração no crescimento da demanda de meados dos anos 2020 em diante. Assim, no longo prazo, será necessário reduzir o número de refinarias. “Um total de cerca de 6 milhões de bpd em capacidade de refino precisará ser fechado para manter o nível eficiente das operações”, diz o relatório.