Marcelo Serrado acaba de gravar – na semana passada – sua participação na minissérie da NBC Telemund, Jugar con Fuego. Trata-se da versão em língua espanhola de Amores Roubados, texto de George Moura, direção de José Luiz Villamarim. Graças a um acordo inédito, a Globo não apenas vendeu os direitos como conseguiu o que é raro – o controle da supervisão artística do projeto. Numa série de idas e vindas a Miami, Moura supervisionou o ‘guión’ e Villamarim deu seus pitacos na realização. Ambos até contribuíram para a escalação de Serrado, que faz o papel que foi de Thierry Tremouroux na versão brasileira.
“A gente tem a ilusão de que fala espanhol e até pode representar nessa língua, mas apanhei pra burro”, confidenciou Serrado para o repórter. “Algumas palavras são parecidas, mas outras têm sentido completamente diferente e aí você ainda descobre que tem a entonação.” Mesmo apanhando, ele adorou a experiência. “Meu personagem chama-se Oscar e é um borracho, bêbado. É sempre interessante interpretar personagens no limite”, avalia o ator. A Telemundo é uma divisão da NBC Universal Hispanic Enterprises and Content, uma empresa de porte médio – braço da NBC – criada para liderar a indústria na produção e distribuição de produtos de qualidade em língua espanhola, destinados não apenas aos hispânicos dos EUA, mas ao redor do mundo.
Adaptada do romance de Carneiro Vilela A Emparedada da Rua Nova, Amores Roubados conta uma história de desejo e obsessão centrada em Leandro/Cauã Reymond, que volta ao sertão como sommelier, terminando por se envolver com três mulheres. O original gira em torno da produção de vinho. A adaptação transforma a produção em café. Por motivos de ambientação e praticidade, foi gravada em plantações da Colômbia. Além de Serrado, o elenco é predominantemente hispânico, e com nomes estelares das ficções da NBC Telemund – Jason Day e Gaby Espino, os equivalentes a Cauã e Ísis Valverde, Carlos Ponce, Laura Perico e Yuri Vargas. Embora o romance de Vilela seja do século passado, Leandro, na minissérie, vale-se de um poema de Joaquim Cardoso, que foi engenheiro de cálculo na equipe de Oscar Niemeyer, para seduzir a personagem Isabel, de Patricia Pillar.
Pernambucano como o poeta, George Moura levou para a trama o sentido dos versos – “Eu não quero o teu corpo/Eu não quero a tua alma,/Eu deixarei intacto o teu ser, a tua pessoa inviolável/Quero apenas uma parte neste prazer/A parte que não te pertence.” Os executivos da NBC adoraram e mantiveram a poesia de Cardoso, em vez de buscar algum texto de autor espanhol para substituí-lo. Quando conversou com o repórter, em São Paulo, há três semanas, Marcelo Serrado estava muito animado com suas múltiplas atividades. No teatro com A Noviça Rebelde, preparando-se para o marido machista da próxima novela 9, O Último Guardião, ele curtia o sucesso nas pré-estreias de Crô – Em Família.
O retorno aos cinemas do mordomo criado por Aguinaldo Silva na novela Fina Estampa era uma grande aposta do cinema brasileiro de comédia, principalmente depois que o primeiro da série arrebentou na bilheteria. Mas não deu certo – nem Crô, agora com direção de Cininha de Paula, nem O Candidato Honesto 2, de Roberto Santucci, com Leandro Hassum, estão levando público aos cinemas. E, no entanto, tudo indicava que Crô poderia ser outro estouro. “As crianças adoram a personagem, e o tema da família é universal”, dizia o ator. Diariamente, no set, eram 40 minutos só de maquiagem e laquê. “E a gente trabalhava muito com cor”, contou Serrado. “A produção caprichou, vieram figurinos de fora, chiquérrimos, com muito glitter. O filme todo tem glitter.” Apesar da avaliação de Serrado – e das suas cenas com Arlete Salles, ótima -, o público não está se deixando convencer. Vai ser preciso esperar pela volta de Crô à TV, nos horários de cinema da Globo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.