O ex-presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, entrou com um recurso na Fifa para tentar derrubar sua suspensão do futebol. Banido em abril de todas as atividades relacionados ao futebol por toda a sua vida, o ex-dirigente apresentou o recurso no início deste mês, só depois que a Fifa finalmente completou a fundamentação da decisão original.
Três anos depois de ter sua imagem atingida pela prisão de vários cartolas, em Zurique, a entidade ainda aplicou uma multa de 1 milhão de francos suíços (cerca de R$ 4 milhões) ao ex-dirigente. A suspensão permanente veio em 27 de abril, por decisão do Comitê de Ética.
A decisão levou Del Nero a deixar a CBF, ainda que nos bastidores ele continuou a determinar os rumos do futebol nacional. Ele foi punido por corrupção, por aceitar presentes de forma indevida e gestão desleal, entre outros crimes.
A base do processo contra o ex-cartola foi o dossiê colhido nos Estados Unidos, pelo FBI, contra o brasileiro. No total, nove mil páginas de documentos foram enviados para a Fifa. Durante o julgamento de José Maria Marin nos EUA em dezembro de 2017, Del Nero foi acusado de ter recebido US$ 6,5 milhões (R$ 27 milhões no câmbio atual) em propinas, em troca de contratos comerciais com a CBF. Mas os advogados do ex-cartola insistem que a entidade gestora do futebol mundial jamais produziu sua própria investigação.
Os únicos documentos obtidos de forma independente pelo Comitê de Ética da Fifa teriam sido cartas que haviam solicitado à CBF e à Conmebol. O órgão pediu informações como o salário do dirigente na entidade brasileira e na associação sul-americana, assim como o número de contas utilizadas.
O Comitê de Ética da Fifa ainda usou o fato de o ex-presidente da CBF não sair do Brasil como um elemento para definir sua punição permanente do futebol.
Julgamento do recurso de Del Nero ainda não tem data marcada
Não existe uma data ainda para que o recurso seja julgado pela Fifa. Mas seus advogados já indicaram que também poderão apelar à Corte Arbitral do Esporte (CAS), em Lausanne. Joseph Blatter, Michel Platini e Jérôme Valcke – todos punidos por corrupção – também recorreram, sem sucesso.
Em meados do ano, ao Estado, Del Nero insistiu que é inocente das acusações de corrupção e que isso seria provado em “qualquer tribunal democrático”. “Sou inocente de qualquer acusação que possa existir e minha conduta ilibada ficará provada em qualquer tribunal democrático, político e que tenha como parâmetro a procura da verdade na busca da prova real, verdadeira e não de suposições e, repito, achismos”, disse Del Nero.