Com apreensão, a família de Wesley Ferreira dos Santos, de 14 anos anos, espera a chegada do adolescente em Luziânia, que deve ocorrer por volta de 13h desta quarta-feira (19/9). O jovem vai chegar acompanhado por conselheiros tutelares depois de ser encontrado vagando por Goiânia pedindo esmolas e vigiando carros. Wesley foi achado ontem (18/9) por um assistente social, após fugir de um abrigo na capital e ficar desaparecido por 14 dias.
Joaquim Ferreira Campos, 51, que aguarda a chegada do filho Wesley, recebeu alta do hospital nesta manhã. Joaquim sofreu um atropelamento na noite da última terça-feira, quando recebeu por telefone a notícia do reaparecimento do adolescente. Sem recursos financeiros e de mobilidade para poder buscar o rapaz, Joaquim saiu buscado ajuda da assistência social luzianiense assim que soube que poderia buscar o filho. O homem ficou tão afetado pela notícia e em tamanho abalo emocional, que não viu a moto vindo em sua direção ao atravessar a rua.
Joaquim conta que quando o filho o procurou dizendo que queria ficar internado no Abrigo Adonai, em Goiânia, teve esperança na recuperação do rapaz. “Ele chorava, chorava muito para ir pra esse abrigo. Mas ficou pouco tempo lá e não quis mais, e lá eles [responsáveis pelo abrigo] não podem prender e nem segurar ninguém, depende da vontade da pessoa”, conta.
Segundo a tia de Wesley, Sandra Campos, de 53 anos, o rapaz é diagnosticado com Transtorno Opositor-Desafiador e dissemia, fato esse que fez com que Wesley passasse por vários médicos de Luziânia e Brasília. Mas, de acordo com o aposentada, nenhum dos lugares por onde o sobrinho passou se propôs realmente a identificar e oferecer um tratamento real que melhore o quadro de Wesley. “Parece que ficam jogando ele de um lado pro outro, que cada um quer encostar ele num canto, pra não dar trabalho e ser esquecido”, desabafa emocionada.
Tia conta que jovem com transtorno queria ir para o abrigo para estudar
Devido a não realização de um tratamento efetivo voltado para os problemas que atingem de forma crônica a saúde mental de Wesley, o jovem tem um histórico de rebeldia e agressividade alternados com momentos de clareza e e bom comportamento. O rapaz estava fora da escola desde antes procurar o Abrigo Adonai. Ao Dia Online, Sandra conta que o sobrinho se encontrou sem saída quanto ao ensino. “Nenhuma escola pega ele, ninguém reduziu uma turma pra ele, escola nenhuma em Goiás! Eu só quero que ele estude, e ele quer isso também! Ele ficou todo animado quando soube que no abrigo tinha escola e oficinas de arte! Ele só precisa de um tratamento de verdade!”.
Sandra ainda reclama que nenhuma ajuda foi recebida para o menino por parte do Estado. “Ninguém se importa. Ele passou pelo CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) de Luziânia, pelo Adolescentro, em Brasília, e nenhum profissional passou um tratamento de verdade pra ele”.
Ao chegar em Luziânia acompanhado do Conselho Tutelar, Wesley será encaminhado para o Juizado da Infância e Juventude do município, que decidirá seu futuro.