Há quem diga que a “melhor idade” começa aos 60 anos. O Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, segue a frase à risca em meio às comemorações das seis décadas da inauguração. A ideia é “retomar o glamour” e valorizar a memória, segundo Vilma Peramezza, de 76 anos, síndica do espaço desde 1984. “Chamamos de volta para o futuro.”
Grande parte desse movimento prevê a valorização das características originais do conjunto, tombado em 2005 pelo Estado. Uma das propostas é “revitalizar” o antigo espaço ocupado pelo Restaurante Fasano no terraço durante os anos 50 e 60, que chegou a receber celebridades como Nat King Cole e Marlene Dietrich. Está fechado há cinco anos, desde a saída de uma empresa de call center.
Outro objetivo é restaurar o calçamento do entorno e todo o piso térreo. A cúpula de alumínio, que ocupa o terraço, também deve passar por reparos. Além disso, uma equipe colhe depoimentos para reunir em um livro ou documentário.
Parte dessa retomada, contudo, já ocorre naturalmente. Precursor dos shoppings, o espaço hoje mantém uma estrutura comercial e cultural no térreo semelhante à da abertura, com teatro, cinema, supermercado, espaços gastronômicos e lojas. Nesse meio tempo, viveu uma fase mais “financeira”, com muitos bancos, e uma breve decadência após ser atingido por um incêndio, em 1978.
Hoje, o conjunto recebe 8 milhões de visitantes por ano, além de cerca de cem moradores e centenas de escritórios, que vão de advogados a estúdio de pilates e Consulado da Bélgica. “Todo mundo conhece. Não precisa explicar. Já viu se tem algum lugar lá fora escrito ‘Conjunto Nacional’? Não precisa”, diz Vilma.
Dentre os funcionários mais antigos está o supervisor José Manoel Gonçalves, funcionário há 36 dos seus 72 anos, que cuida de 35 mil correspondências por mês. “A Paulista não tinha esse trânsito, não tinha metrô, mas aqui foi sempre cheio.”
O conjunto foi idealizado pelo argentino José Tjurs, um ex-taxista e guia turístico que via a Paulista como a futura “Quinta Avenida” brasileira. Por isso, criou o primeiro espaço comercial da avenida, na época considerada residencial, diz o arquiteto Antonio Soukef, autor de Avenida Paulista – Síntese da Metrópole.”Rapidamente passou a ser uma referência urbana. É um sessentão em plena forma.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.