Era 9h da manhã da segunda-feira (10/9). O delegado Waldir (PSL), de cima da carroceira de sua S-10 preta adesivada, fazia o sinal de arma com a mão e pedia votos utilizando um microfone pela avenina Pasteur, no Jardim Planalto, em Goiânia.
O som tocava seu jingle de campanha enquanto descansava a garganta, instrumento que o candidato à reeleição a deputado federal utiliza para vociferar contra a bandidagem quando ele viu um jovem mostrando o dedo do meio em sua direção e o xingando. Com 274.625 votos, o delegado Waldir Soares, à época do PSDB, foi o mais bem votado a deputado federal por Goiás.
Nervoso, o deputado pede que o motorista pare a S-10 e desce do carro. Ele quer tirar satisfação. Vestido com terno e gravata, com arma na cintura, o deputado quer levar o jovem preso.
Testemunhas ouvidas pela reportagem contaram que o rapaz xingou o deputado e ainda falou que armar a população não vai resolver nada. “O rapaz estava tranquilo, dando lição de moral no delegado, sem medo”, lembra o funcionário de uma casa de ração. “O delegado queria levar o rapaz preso, mas um moço não deixou, tentou amenizar a situação.”
“Me dá seu documento”, pede delegado Waldir
No vídeo, o deputado pede o documento do rapaz. “Me dá seu documento, me dá seu documento”, repete, irritado.
“O rapaz falou que muita gente morre por causa das armas e que o delegado não podia fazer campanha armado. E isso irritou ainda mais o delegado”, lembra outra testemunha. Os dois homens que viram a cena assumem que ficaram preocupados com a exaltação do delegado Waldir. “Mas ele sempre foi assim, agitado. Tem apenas discurso. Duvido até que ela já tenha atirado em alguém”, brinca um deles.
Quem parecia não brincar era o delegado.”Larga de ser vagabundo, rapaz”, disse, caminhando de volta à carroceira da S-10. De longe, enquanto o deputado seguia o dia de campanha, as pessoas que presenciaram o barraco sorriram aliviados.
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