O negociador-chefe da União Europeia para o Brexit, Michel Barnier, afirmou nesta segunda-feira que a sua mensagem ao Reino Unido é que não subestime as dificuldades que enfrentará para a aprovação de um acordo para a sua saída do bloco. Uma vez que haja um consenso entre Bruxelas e Londres para as condições do trato, ele ainda terá de ser aprovado por unanimidade pelos parlamentos de todos os 27 Estados-membros restantes e, em alguns casos, até por parlamentos regionais, segundo explicou o francês em participação no Fórum Estratégico de Bled (BSF, na sigla em inglês), na Eslovênia.
Alternando momentos de resignação e com um tom esperançoso, ele disse ainda assim ser “realístico” alcançar um acordo para o divórcio nas próximas seis a oito semanas. Quando questionado pelo moderador do evento sobre reclamações de que a UE não estaria disposta a quaisquer concessões na busca por um entendimento, garantiu que “não há punição nem vingança” na postura que tem adotado nas tratativas com autoridades britânicas. “É interesse comum dos Estados-membros da UE construir uma parceria com o Reino Unido”, pontuou.
Barnier reiterou que, se Londres aceitar as regras relacionadas à livre transação de serviços e à livre movimentação de pessoas, os representantes europeus estariam prontos para dar as boas vindas aos britânicos no mercado comum. Por outro lado, repetiu em mais de um momento lamentar o resultado da votação do Brexit “todos os dias”. “Não há vencedor no Brexit. O Brexit não traz nenhum valor agregado”, sublinhou.
Ao se voltar para a lista mais ampla de obstáculos atualmente diante da UE, o francês reconheceu ser a primeira vez em que o bloco enfrenta “tantos desafios, internos e externos, ao mesmo tempo”.
A uma plateia integrada também por jovens líderes europeus apontados pela organização do fórum, Barnier se permitiu revelar o curso de um encontro que teve com o parlamentar britânico Nigel Farage, do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), um dos principais personagens da votação favorável ao Brexit.
“Perguntei ao senhor Farage qual era a sua ideia de como seria o futuro das relações entre o Reino Unido e a UE agora que o Brexit ganhou. Ele deu uma resposta muito clara: ‘A UE vai deixar de existir.’ Aqui, vamos provar que ele está errado, porque isso não pode acontecer. Nunca”, concluiu Barnier.