Foi preso neste domingo (9/9), em Goiânia, o advogado Eduardo de Oliveira Francisco, acusado de mandar matar sua esposa, a ciclista e bancária Cibelle de Paula Silveira em 2015.
Eduardo foi preso em seu apartamento, no Setor Celina Park, quatro dias depois da expedição de um mandado de prisão preventiva do juiz Lourival Machado da Costa, da 2ª Vara de Crimes Dolosos contra Vida.
O advogado passou por exames de corpo de delito e posteriormente encaminhado para a Delegacia Estadual de Capturas de Goiânia (Decap).
Na época do homicídio, duas pessoas chegaram a ser presas e um menor apreendido pelo crime que antes era considerado um latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte. A suspeita era que os bandidos queriam a bicicleta de Cibelle.
No entanto, no decorrer das investigações, a polícia concluiu que o marido tinha envolvimento com o assassinato, sendo ele o mandante.
A morte de Cibelle
Cibelle estava com o marido e com um amigo fazendo rilha de bicicleta na BR-060, entre Goiânia e Abadia de Goiás quando foi morta com um tiro na cabeça na noite do dia 30 de novembro de 2015.
A ciclista chegou a ser socorrida e levada ao Centro de Atenção Integral à Saúde (Cais) do Bairro Goiá, mas não resistiu aos ferimentos. O marido e o amigo da vítima não foram feridos.
Na época do crime, a suspeita da polícia era que os bandidos queriam a bicicleta de Cibelle, sendo que não conseguiram levar.
Dois dias depois, dois homens foram presos e um menor de idade, de 17 anos, foi apreendido.
Pedro Henrique Domingos de Jesus Felix, de 18 anos, confessou ser o responsável pelo tiro que matou a ciclista. Ele já tinha várias passagens pela polícia.
O outro suspeito preso na época foi Ronaldo da Silva Alves, de 21 anos, que até então não tinha nenhuma passagem pela polícia.
De latrocínio a homicídio: como a polícia concluiu que o marido foi o mandante do crime
O inquérito foi concluído no prazo de 10 dias e em seguida encaminhado ao Poder Judiciário. Pedro Henrique e o adolescente foram denunciados por latrocínio. O terceiro detido foi retirado do processo, após comprovação que não tinha envolvimento no caso.
Dois meses depois, a polícia teve acesso ao laudo cadavérico, onde foram constatadas lesões no corpo da ciclista, que não eram compatíveis com as causadas pela morte.
A polícia ouviu amigos e familiares, que contaram sobre o relacionamento de Cibelle com o marido. Segundo as testemunhas, ela era vítima de agressões físicas por parte do esposo.
Diante disso, a polícia abriu uma investigação paralela, conhecida como Verificação Preliminar de Informação (VPI), para constatar se o crime era mesmo latrocínio ou homicídio.
Segundo relatos de colegas de trabalho, por diversas vezes a ciclista chegou para trabalhar com lesões e hematomas, usando inclusive roupas compridas.
No dia em que foi morta, Cibelle chegou a escrever um texto falando de agressão e postou numa rede social. Veja:
O motivo seria ciúmes. Eduardo era muito ciumento e desconfiava que a mulher tivesse caso com um amigo do pedal.
Além do ciúme, a polícia suspeita de ganhos financeiros por parte do marido, que chegou a receber o valor do seguro de vida e também ficou com o valor da pensão.
Após o lauda a polícia ouviu novamente Pedro Henrique, que acabou confessando ter sido contratado pelo advogado para matar Cibelle pelo valor de R$ 30 mil. Ele contou ainda que ofereceu parte do dinheiro ao menor apreendido para ajudar na ação.
A Polícia também colheu novamente o depoimento de Eduardo, mas ele negou o crime.
Com base no laudo, o suspeito foi denunciado pelo Ministério Público, que concluiu que Cibelle foi vítima de homicídio e não de latrocínio.
Em novembro do ano passado, Pedro Henrique foi denunciado por homicídio qualificado, como autor do tiro, o menor por participação no ato e Eduardo, como o mandante do assassinato.