O professor de economia da Universidade de Campinas (Unicamp) e ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse ter um grande “sim” à política industrial. Ele fez a afirmação em reposta ao diretor do Banco Mundial (Bird), Martin Raiser, que durante o seminário “Retomada da Indústria – Uma Estratégia de Longo Prazo”, organizado pela a Abdib, disse ter dois “nãos” e um “talvez” a uma nova política industrial no Brasil.
“Eu vou responder às provocações dando um grande ‘sim’ à política industrial. Até porque nós temos que pensar além de falhas de mercado”, disse o economista. Para ele, falhas de mercados são relevantes por vários fatores, mas a questão é que o que demanda uma política industrial é uma visão de longo prazo.
Segundo Coutinho, quem foi bem sucedido construiu uma base de vantagens competitivas. O problema, segundo o ex-presidente do BNDES, é que a construção de bases competitivas hoje tornou-se mais complexa e mais difícil. Segundo o professor, as cadeias globais de valor foram um fenômeno datado historicamente depois da abertura dos anos 90 na Rodada Uruguai, quando os polos de desenvolvimento terceirizaram sua parte de manufatura para a Ásia.
“Só que os asiáticos fizeram em 15 anos um baita processo de aprendizado. Eles não jogaram fora as suas empresas. Ao contrário, eles desenvolveram P&Ds Pesquisa e Desenvolvimento, aumentaram escalas e geraram modelos de negócios novos”, disse o professor, acrescentando que hoje os asiáticos já dominaram o P&D e agora têm marcas próprias e neste momento são competidores de seus clientes.
Por isso, de acordo com Coutinho, entrar nesse jogo hoje é muito diferente do que era no passado porque as escalas são muito altas. “A competição ficou mais acirrada, tem um multilateralismo mais agressivo por parte dos Estados Unidos que está destruindo o bilateralismo e vários fundamentos no comercio internacional”, disse o economista da Unicamp, grande defensor de investimentos na inovação no setor industrial.