Quando Vitória Strada foi escolhida para viver a protagonista Maria Vitória na novela Tempo de Amar, da Globo, em 2017, o diretor Jayme Monjardim e o autor, Alcides Nogueira, apostaram alto. À época, a jovem gaúcha, ex-modelo, era um rosto desconhecido – e, até então, sua única experiência como atriz tinha sido no filme Real Beleza, de Jorge Furtado, de 2015, que contava também no elenco com “veteranos” como Adriana Esteves e Vladimir Brichta. Pouco antes da estreia de Tempo de Amar, Monjardim contou à reportagem que foram feitos testes em todo Brasil para a seleção da atriz principal. O de Vitória, no Rio Grande do Sul, lhe chamou a atenção, e um novo teste dela no Rio só reforçou o que ele já sentia. “Eu já não tinha mais dúvida de que seria ela”, contou o diretor. Vitória ficou com o papel e, ao longo da trama, cativou o público.
O bom desempenho em sua estreia na TV a fez ser lembrada pelo diretor Pedro Vasconcelos quando ele estava à procura de uma atriz para substituir Isis Valverde como protagonista da nova novela de Elizabeth Jhin. Isis precisou sair do elenco do folhetim após descobrir sua gravidez. Vitória lembra que, ao receber o telefonema de Vasconcelos e tomar conhecimento da personagem, ela insistiu para que pudesse participar do teste para o papel. O diretor, então, esclareceu: não haveria testes; na verdade, ela estava sendo convidada para viver essa protagonista.
E o novo desafio de Vitória agora é triplo. Em Espelho da Vida, a nova novela das 6, de Elizabeth Jhin – que estreia no próximo dia 25 -, Vitória Strada interpreta a atriz Cris Valência, que viaja para Rosa Branca, cidade fictícia de Minas Gerais, onde nasceu seu namorado, o diretor de novelas Alain Dutra (João Vicente de Castro), e onde ele também vai rodar seu primeiro longa-metragem. Alain atende ao último desejo do avô, Vicente (Reginaldo Faria), que mora em Rosa Branca e está à beira da morte. Em seu testamento, ele deixa o dinheiro para financiar o filme do neto, desde que o rapaz conte na produção a história da jovem Julia Castelo, que foi assassinada com um tiro no coração, vítima de um crime passional, num casarão da cidade no início da década de 1930.
Mesmo prometendo nunca mais pisar na cidade, após a traição de sua antiga namorada, Isabel (Alinne Moraes), com seu primo e amigo Felipe (Patrick Sampaio), Alain segue para Rosa Branca com Cris, que viverá o papel de Julia no cinema. E não só o rapaz ficará mexido com o retorno à cidade. Cris também, mesmo pisando lá pela primeira vez. “Ela fala para o namorado: ‘que estranho, parece que eu já estive aqui’. Mas o namorado desacredita, fala que é um déjà vu”, conta Vitória, em entrevista ao Estado, por telefone, de Minas, onde ela gravava suas cenas – e cujas cidades históricas servem de cenário para a nova trama.
Ao longo dos capítulos, ficará claro para ela – e para o público – que aquilo não é só uma sensação. Em sua vida passada, Cris era a própria Julia. “A história vai se desenrolando”, diz a atriz de 21 anos. “Ela começa a pesquisar sobre essa menina, então encontra um diário, procura o túmulo dela e encontra a casa onde ela viveu. Quando vai até lá, Cris tenta entrar na casa, mas cai uma madeira na cabeça dela. Ela acaba se machucando e não consegue entrar, mas insiste.”
Numa outra visita, encontra uma imagem de Julia, e vê que as duas são iguais. Até que Cris se conecta com sua vida passada. “Ela volta ao passado quando entra no quarto dessa menina, veste uma roupa dela, olha no espelho e, de repente, ela está nos anos 1930.”
Essa viagem no tempo se torna frequente, e Cris acaba ficando dividida entre dois tempos – e dois amores: Alain, no presente, e Danilo (Rafael Cardoso), no passado. Aliás, Danilo é quem foi acusado de ter matado Julia, mas, ao conhecê-lo, Cris não acredita nessa versão divulgada na época. Há chances de Danilo aparecer no presente, no entanto, a princípio, ele só aparece como uma figura da outra vida. “Cris volta ao passado e começa a ter noção disso tudo. Ela entende que as pessoas podem evoluir, que existe mais de uma vida para que a pessoa possa se redimir.”
Por isso, o tal desafio triplo: Vitória Strada se desdobra entre Cris, Julia e ainda na personagem do filme de Alain. “Eu tinha feito protagonista em Real Beleza. Então, meu primeiro trabalho como atriz foi como protagonista de um filme. Depois, fiz minha estreia na TV como protagonista e, agora, é a terceira protagonista. Estou nas nuvens. Eu poderia definir isso como um misto de muita felicidade com muita responsabilidade.”