Um bispo e cinco padres de Formosa suspeitos de desviar R$ 2 milhões em dízimos enfrentam na manhã de hoje (10/9) primeira audiência no Fórum de Formosa.
A sessão é comandada pelo juiz Fernando Oliveira Samuel, da 2ª Vara Criminal. A audiência era prevista para o dia 9 de agosto, mas foi remarcada para esta segunda (10/9) após novos documentos do caso serem apresentados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). A defesa alegou na época que não teve acesso aos papeis.
Além do bispo e dos cinco padres, as investigações apontam ainda que dois empresários e funcionários da Cúria Diocesana estejam envolvidos no desvio de dízimos, doações, taxas como batismo, casamento, dentre outras, e de arrecadações festivas de dinheiro proveniente de fiéis.
Eles são suspeitos de usarem o dinheiro na compra de automóveis de luxo, uma fazenda e uma casa lotérica.
Operação Caifás
No dia 19 de março, as apurações levaram a uma operação batizada de Caifás, que resultou na prisão de nove pessoas: o bispo José Ronaldo, cinco padres (Moacyr Santana, Mário Vieira de Brito, Tiago Wenceslau, Waldoson José de Melo e Epitácio Cardozo Pereira) um secretário da Cúria de Formosa (Guilherme Frederico Magalhães) e dois empresários (Antônio Rubens Ferreira e Pedro Henrique Costa Augusto) suspeitos de serem laranjas da quadrilha.
A nome da operação é em referência ao bispo emérito de Israel que julgou e condenou Jesus Cristo.
A investigação começou em 2015 após várias denúncias de fiéis ao Ministério Público sobre os desvios desde que Dom José Ronaldo assumiu o controle da diocese do município. Só as despesas da casa episcopal de Formosa, onde ele mora, teriam passado de R$ 5 mil para R$ 35 mil.
Segundo o promotor Douglas Chegury, responsável pelo caso na época da operação, o bispo já havia desviado dinheiro em Minas Gerias, na Diocese de Janaúba. Ao ser transferido para Formosa, iniciou um esquema semelhante ao de lá.
Cerca de um mês depois, o grupo conseguiu habeas corpus. Fiéis e parentes recepcionaram os homens na porta do presídio da cidade.
Desde então, nenhum dos padres voltou a exercer as funções anteriores e a diocese de Formosa é comandada pelo arcebispo Dom Paulo Mendes Peixoto, nomeado pelo Papa Francisco.
Sentença
A sentença do juiz só deve sair cinco dias após todas as testemunhas serem ouvidas em audiência, prazo dado para que a defesa e a acusação façam suas manifestações finais.
São 32 testemunhas no total, sendo quatro de acusação e 28 de defesa.