No Result
Ver todos os resultados
No Result
Ver todos os resultados
No Result
Ver todos os resultados

Refugiado, juiz luta para reconstruir vida no país

Por Estadão Conteúdo
Publicado em 09/09/2018 às 11:35
Compartilhe no WhatsappCompartilhe no FacebookCompartilhe no TwitterCompartilhe no Pinterest

Um juiz federal torna-se vítima de perseguição política na Venezuela, tem o filho morto em uma emboscada e procura refúgio no Brasil. Ao chegar, é explorado em trabalho análogo à escravidão e, sem alternativa, decide virar artista de rua. É o início da reviravolta. A muito custo, consegue revalidar o diploma no País e começa a trabalhar em mutirões da Justiça, voltados para legalização de imigrantes que, assim como ele, cruzaram a fronteira para fugir da crise venezuelana.

A história até parece roteiro de cinema, mas é o relato de Oswaldo José Ponce Pérez, de 52 anos, um dos milhares de refugiados que se estabeleceram em Boa Vista, onde o impacto do boom migratório se vê exposto em unidades de saúde lotadas e calçadas entupidas de barracas, colchões e redes. Pérez chegou em junho de 2015, antes de o fluxo apertar e, por isso, testemunhou as mudanças na capital de Roraima. Em 2018, mais de 15,9 mil estrangeiros pediram refúgio lá.

Leia também

Brasileira segue à espera de resgate em vulcão na Indonésia

Morre brasileira que caiu em vulcão na Indonésia, diz família

Goiano leva prêmio máximo do Aviator duas vezes

Goiano leva prêmio máximo do Aviator duas vezes

“O pessoal deixa a Venezuela por causa da crise humanitária. Ninguém quer sair do país, muito menos nessas condições. O problema é que Roraima não tem estrutura para receber essa migração em massa”, diz.

No Brasil, Pérez não teve vida fácil, mas conseguiu se estabelecer e hoje ajuda a regularizar a situação de outros refugiados. Trabalha, de forma voluntária, como conciliador na Vara Itinerante. Em junho, o Tribunal de Justiça de Roraima (TJ-RR) fez um acordo de cooperação judicial com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), permitindo até que a documentação de processos seja em espanhol.

Venezuela

Por cinco anos, Pérez, então juiz federal, travou uma guerra política com generais e membros do alto escalão dos governos Hugo Chávez e Nicolás Maduro, segundo conta. Entre decisões que desagradaram a interesses políticos, se negou a desapropriar famílias que viviam em áreas ricas em mineração. “Sugeriram até que decretasse a prisão das famílias. Eu me neguei, seria contra meus princípios morais.”

De família tradicional, Pérez vivia com a mulher e quatro filhos em uma casa de alto padrão com piscina. Também era proprietário de fazenda de gados e carro importado. A perseguição começou em 2010, conta. Teve de responder a processo militar (sem ser militar) e seu veículo, um Camaro, foi incendiado em um ataque.

Em 2013, sofreu o maior dos golpes. O filho mais velho, de 24 anos, foi assassinado. “Foi uma emboscada. Deixaram meu filho jogado na estrada… Atiraram no carro e alvejaram ele com um tiro. Foi planejado, para fazer crer que era outro tipo de atentado”, diz.

“Eu estava lutando contra um sistema muito grande e praticamente sozinho. Decidi largar tudo, ou ia ser cassado e preso.” Primeiro, pediu afastamento por um ano e visitou o Brasil: “Vi que as condições estavam melhores”. Vendeu os bens por baixo preço, pediu exoneração e trouxe a família ao País – só uma filha ainda vive na Venezuela. Partiu de Ciudad Bolívar, a cerca de 800 quilômetros da fronteira – um dia de carro.

Brasil

O ex-juiz pediu asilo político em Boa Vista e procurou um novo emprego – com a moeda desvalorizada, o dinheiro que trouxe acabou rápido. Virou auxiliar de mecânico em uma oficina. Conta que trabalhava de domingo a domingo, das 7 às 20 horas, por R$ 50 por dia, mais o almoço. “Era sempre assado de panela, não tinha variação. Havia dias que nem davam refeição.” Lá, lavava a oficina, varria o quintal, carregava no braço peças de motor. “Era muito pesado.”

Em vez de receber R$ 350 por semana, passou a ganhar de R$ 30 a R$ 40. “Diziam que o movimento estava fraco, mas que iam ajeitar na segunda – mas a segunda nunca chegava. Quando percebi que estava em um trabalho escravo, pedi meus documentos e o dinheiro, mas me disseram que não iam dar porque seria para pagar o barraco onde eu morava”, diz Pérez, que fez denúncia no Ministério Público do Trabalho.

Nos dois anos seguintes, Pérez, que tem formação em violão clássico e toca harpa, viveu como artista de rua. “Sou agradecido à população de Boa Vista: muita gente me ajudou”, diz ele, que tocava em bares.

Hoje, ele mora de aluguel na capital e conseguiu revalidar o diploma de Direito. Em novembro, quer prestar exame para Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “A segunda etapa é adquirir a nacionalidade, como forma de agradecer à nação por ter me acolhido e protegido minha vida”, diz. “Quero prestar concurso para juiz federal e ser útil ao País.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Tags: crisejuizoswaldo josé ponce pérezrefugiadororaimavenezuela

Notícias relacionadas

Gripe aviária: empresa faz abate preventivo de 74 mil galinhas em Goiás

Gripe aviária: empresa faz abate preventivo de 74 mil galinhas em Goiás

A BRF, responsável por marcas como Sadia e Perdigão, realizou o abate preventivo de 74 mil galinhas em uma...

CPI das Bets: "surpresa e espanto", diz defesa de Virgínia sobre pedido de indiciamento

CPI das Bets: “surpresa e espanto”, diz defesa de Virgínia sobre pedido de indiciamento

A influenciadora Virgínia Fonseca e outras 15 pessoas, entre influenciadores, empresários e representantes de casas de apostas, tiveram o...

Siga o Portal Dia nas redes sociais

Sobre o Dia

  • Anuncie no Dia Online
  • Quem somos
  • Expediente
  • Contato
  • Trabalhe Conosco
  • Transmita ao vivo

Editorias

  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Educação
  • Entretenimento
  • Esportes
  • Gastronomia
  • Mercado de Trabalho
  • Mundo
  • Política
  • Saúde
  • Trânsito
  • Uncategorized
  • Anuncie no Dia Online
  • Quem somos
  • Expediente
  • Contato
  • Trabalhe Conosco
  • Transmita ao vivo

Redes Sociais

© 2024 - Todos os direitos reservados.

Segurança e Privacidade

No Result
Ver todos os resultados
  • Home
  • Últimas Notícias
  • Editorias
    • Cidades
    • Brasil
    • Mundo
    • Política
    • Economia
    • Entretenimento
    • Trânsito
    • Saúde
    • Esportes
    • Educação
    • Gastronomia
    • Mercado de Trabalho
    • Mundo
    • Política
  • DiaPlay
  • Anuncie
  • Contato

© 2022 Todos os direitos reservados.

No Result
Ver todos os resultados
  • Home
  • Últimas Notícias
  • Editorias
    • Cidades
    • Brasil
    • Mundo
    • Política
    • Economia
    • Entretenimento
    • Trânsito
    • Saúde
    • Esportes
    • Educação
    • Gastronomia
    • Mercado de Trabalho
    • Mundo
    • Política
  • DiaPlay
  • Anuncie
  • Contato

© 2022 Todos os direitos reservados.