A Sagração da Primavera completa 105 anos em 2018 e mostra o ritual ao deus da primavera. A obra é uma composição do russo Igor Stravinski, coreografada pelo também russo Vaslav Nijinsky e teve uma estreia tumultuada em 29 de maio de 1913 no Teatro da Champs-Elysées, em Paris.
O balé, uma marca do Modernismo, é um dos mais dançados no mundo, mas desafiou as convenções estéticas ao apresentar uma música ritmicamente complexa e uma coreografia provocante.
O enredo traz uma jovem marcada para ser entregue em sacrifício à divindade primaveril no auge de um ritual pagão, com o objetivo de o seu povo obter uma colheita rica.
As principais características da música na época foram desafiadas com a criação: o arcabouço do ritmo, a estrutura orquestral, os aspectos harmônicos e o valor conferido à percussão.
Na estreia da obra, o público não soube encarar as mudanças musicais apresentadas e o caráter primitivo da coreografia contribuiu para o estranhamento de quem estava assistindo na capital francesa. Músicos e maestros se retiraram do teatro.
No palco do Teatro Municipal a partir da semana que vem, ao som da Orquestra Sinfônica Municipal, os bailarinos do Balé da Cidade de São Paulo também farão uma coreografia que remete ao primitivo e, ao mesmo tempo, ao sensual, embalados pela música de ritmo tribal de Stravinski.
O fluxo da queda das pétalas de rosas durante a apresentação se intensificará à medida que a sagração se desenvolver, justamente para representar a mudança da calmaria para a dificuldade, tortura.
Apesar disso, a proposta do Balé da Cidade é uma reflexão sobre as questões ambientais e seu fim não será um sacrifício. “Estamos em 2018. E na Sagração da Primavera os intérpretes se potencializaram enquanto artistas, corpos dançantes, sensíveis a descobrir novos vocabulários e novas formas de expressão”, afirma Ismael Ivo, diretor artístico do Balé da Cidade de São Paulo. “Por que uma mulher ou homem tem de ser sacrificado, se todos temos apenas uma vida?”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.