O Painel de Ética da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) decidiu inocentar nesta quinta-feira dois dirigentes do Quênia. Os responsáveis pela investigação, apesar de alegarem “desconforto” com a decisão, declararam que David Okeyo e Isaac Mwangi são inocentes em caso de suspeita de extorsão.
A decisão, contudo, não vai mudar a trajetória de Okeyo, banido do esporte na semana passada, em decisão da mesma IAAF, em outra investigação. Ele foi punido por ter participado de desvio de centenas de milhares de dólares de recursos de patrocínio da Nike para uso pessoal e por outros dirigentes.
O queniano já foi membro do Conselho da IAAF, atuou como secretário-geral e vice-presidente da Federação Queniana de Atletismo. Na investigação, cujo resultado foi divulgado nesta quinta, ele era acusado de extorquir atletas flagrados em exames antidoping. Okeyo cobrava dinheiro para reduzir penas por doping ou encobrir resultados positivos.
A investigação foi realizada nos últimos dois anos, após denúncia da agência de notícias Associated Press. Inicialmente, os atletas acusavam de extorsão somente Isaac Mwangi, ex-CEO da Federação Queniana de Atletismo. Com a apuração, o caso passou a envolver também Okeyo e Isaiah Kiplagat, que morreu em 2016.
Ao todo, seis esportistas flagrados em exames antidoping acusaram Okeyo de extorsão. Quatro apontaram Mwangi como responsável pelos delitos. Segundo eles, as investidas dos então dirigentes aconteceram entre 2012 e 2015. Nem todos testemunharam nas audiências realizadas pela IAAF em janeiro, fevereiro e maio deste ano.
Apesar da decisão favorável aos acusados, os três membros do painel de ética admitiram que havia “evidência crível” para a condenação, que não foi concretizada por falta de provas. “Embora as acusações não tenham sido provadas neste caso, este painel está perturbado por algumas evidências encontradas na investigação”, afirmaram os três integrantes do painel.
Em relação a Okeyo, o painel admitiu que há “evidência crível que sugere que a extorsão possa ter acontecido” em relação a dois atletas. Mas os responsáveis pelo julgamento reconheceram que “a evidência não atinge o padrão de profundidade exigido em termos de regras pelo Conselho de Ética”.