O concurso da Câmara Municipal de Goiânia, realizado no último domingo (2/9) movimentou milhares de pessoas que se inscreveram para concorrer às 75 vagas, de nível médio e superior, que foram disponibilizadas pelo órgão. Segundo informações do Centro de Seleção da UFG, responsável pelo concurso, aproximadamente 40 mil pessoas fizeram a inscrição. Entretanto, o concurso foi realizado há poucos dias e já está causando polêmica.
Segundo uma vereadora da capital, várias denúncias de irregularidades constatadas por candidatos chegaram ao seu gabinete, motivo esse que fez com que ela entrasse com um pedido de investigação no Ministério Público.
De acordo com a vereadora Sabrina Garcêz (PTB), logo após a aplicação das provas do concurso em questão várias pessoas a procuraram para denunciar supostos desvios e falhas no processo seletivo. Entre gabaritos duplicados até convocações extraordinárias de candidatos em prazo fora do edital e envelopes abertos com provas, vários foram os problemas relatados.
Conforme falou ao Dia Online uma candidata que prestou o concurso para a vaga de agente administrativo e pediu sigilo de sua identidade, os acontecimentos vistos no processo colocam em xeque a credibilidade dos critérios de seleção.
Um fato que chamou a sua atenção foi a convocação extraordinária feita pelo Centro de Seleção da UFG, através de nota no site oficial, de candidatos que não tiveram suas inscrições homologadas no prazo do edital. “O organizadores convocaram candidatos pelo site para comparecerem no dia da prova no centro de seleção até meio-dia e meia para pegarem o local da prova, sendo que a prova iria ser aplicada às 13h! Teve gente que teve a prova impressa na hora e fez por lá mesmo [no centro de seleção]!”, conta.
O ato da banca organizadora do concurso representaria, segundo alguns candidatos, uma transgressão direta aos prazos do edital. “Pode ter gente que começou a fazer a prova antes ou depois do horário especificado. Como confiar no concurso depois disso?”, questiona a concorrente.
Daniela Aparecida Teixeira, que também realizou o concurso e conversou com a reportagem do Dia Online, relata outras irregularidades. Conforme conta, sua irmã presenciou o envelope de provas chegar violado à sala onde ela fez a prova. “Quando alguns candidatos perguntaram por que o envelope com as provas estava aberto, a aplicadora disse que ‘era normal e não tinha problema'”, revela. Daniela também ingressou com uma representação no Ministério Público.
Daniela falou ainda sobre o que ela chamou de “despreparo” dos aplicadores da prova. “Na minha sala, uma moça bem novinha era a aplicadora da prova. Ela gaguejava muito e não sabia explicar bem as regras da prova. Houve um momento em que ela disse que ainda não podíamos virar a prova, sob risco de eliminação, e finalizou com “pelo menos é o que ta escrito aqui!““, conta.
Além disso, em informação repassada ao Dia Online por uma candidata que não quis se identificar e que ainda está sendo apurada, houve o caso de uma candidata cujo celular tocou durante a prova. “Quando o celular dela tocou, ela saiu, retirada pelos fiscais, e voltou depois de uns 20 minutos”.
A vereadora Sabrina Garcêz usou o mandato para ingressar com um pedido de investigação e esclarecimentos dos supostos ocorridos. “Nós temos que saber o que aconteceu, pois foram muitas as denúncias que chegaram ao meu gabinete”. Além disso, uma reunião chegou a ser convocada na Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Goiás, pela assessoria do vereador e delegado Eduardo Prado, com os concorrentes que se sentiram lesados.
Reposta da banca
Ao jornal O Popular, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia (Sedetec), responsável pela validação das inscrições após o pagamento realizado pelo candidato, informou que a dificuldade de confirmação dos pagamentos das inscrições ocorreu provavelmente por erro na digitação do código de barras dos boletos. Por este motivo, a UFG orientou os candidatos que não tinham sua inscrição homologada para que enviassem o comprovante de pagamento pelo e-mail do centro de seleção.
Segundo a Secretaria de Ciências e Tecnologia, a partir do recebimento desses comprovantes pela UFG, as informações eram repassadas à Sedetec para que os técnicos responsáveis dessem baixa no pagamento. O prazo para tal procedimento era até dia 31 de agosto de 2018. No entanto, a Sedetec disse que ficou à disposição da UFG durante todo o final de semana caso ocorresse o envio de algum lote de inscrições para ser homologado.
Em nota, a Câmara Municipal de Goiânia informou informou que contratou o Centro de Seleção da UFG pela experiência e credibilidade que possui e que todas as reclamações de candidatos estão sendo encaminhadas para a universidade, mas acompanhadas pela Câmara.