A imprensa ao redor do mundo está repercutindo o incêndio que destruiu o Museu Nacional no último domingo (2/8), no Rio de Janeiro. As chamas, que transformou em cinzas parte importantíssima da história do Brasil, foi notícia em vários veículos de comunicação de peso pelo mundo.
O jornal britânico The Guardian destacou a falta de água para combater o incêndio e o descaso com a preservação do patrimônio histórico encontrado no museu. Em uma notícia separada, o jornal fala sobre o acervo, que conta cerca de 20 milhões de itens, incluindo fósseis e um meteorito encontrado em 1784, além de “uma das melhores coleções sobre a literatura e artefatos indígenas no mundo”.
O texto do jornal inglês cita ainda o Museu Britânico, um dos mais importantes do país e do mundo, tem um acervo de 8 milhões de itens.
Sobre o orçamento destinado a preservação de museus, o The Guardian cita a historiadora brasileira Ana Lúcia Araújo que usou as redes sociais para mostrar os cortes promovidos pelo governo de Michel Temer.
Já nos EUA, a rede de TV CNN trouxe a manchete “Incêndio engole museu destruindo artefatos antigos” na capa de seu site. A página destaca que o acervo do museu mais antigo do país tem itens de “valor incalculável”, incluindo o esqueleto de “Luzia”, que tem cerca de 12 mil anos de idade.
O esqueleto de Luzia é o mais antigo já encontrado nas Américas. Achado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974, trata-se de uma mulher que morreu quando tinha entre 20 e 25 anos de idade e foi uma das primeiras habitantes do Brasil.
Também norte-americano, o jornal Washington Post destacou o incêndio na capa, informando que o acervo também conta com artefatos do Egito, da era Greco-Romana, entre outros. O argentino Clarín trouxe um áudio enviado para a agência EFE pelo ex-diretor do Museu José Perez Pombal dizendo que não sabe se a instituição conseguirá continuar existindo devido ao tamanho do estrago causado pelo incêndio.
O espanhol El País também lembrou que, antes de se tornar um museu, o local foi casa da família real portuguesa e que desde 1946 o museu está associado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O museu é a mais antiga instituição científica e de história natural do Brasil. Ela foi criada em 1818 pelo Dom João VI, enquanto o país ainda era uma colônia de Portugal. O francês Le Monde fala da indignação de pesquisadores e historiadores com o descaso do governo, que teria resultado no incêndio que consumiu o que eles chamam de “joia da cultura brasileira”. Eles também destacam um movimento que pede por um protesto em frente ao prédio destruído. O incêndio começou por volta das 19h30 do domingo. As chamas foram controladas por voltas das 2h da madrugada desta segunda-feira.
O incêndio no Museu Nacional
Com 200 anos de existência, o Museu Nacional é a instituição científica mais antiga do país e uma das mais importantes do mundo. O acervo tinha mais de mais de 20 milhões de itens como o mais antigo fóssil humano encontrado no Brasil, batizada de “Luzia”, maior coleção clássica da América Latina, maior coleção egípcia da América Latina, coleção indígena, de artes, artefatos greco-romanos, fósseis e documentos, e há pelo menos três anos o local funcionava com orçamento reduzido.
O incêndio que atingiu a instituição começou na noite de domingo (2/8). Os bombeiros chegaram por volta das 20h30 ao local. De acordo com a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, a maior parte do acervo foi atingida. Segundo a corporação, uma pequena parte das obras foi retirada antes de ser atingida pelo fogo. Não foi dito quais são essas peças nem para onde elas foram transportadas. O incêndio atingiu os três andares do prédio e começou por volta de 19h30. O fogo foi controlado somente após seis horas, por volta das 4h e não há informações sobre feridos.