Um funcionário fantasma do Hugo (Hospital de Urgências de Goiânia), denunciado em ação proposta pelo promotor de Justiça Fernando Krebs, do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), teve R$ 3.200.289,76 bloqueados pelo juiz Élcio Vicente da Silva.
Além do bloqueio da quantia de Thiago Sobreira da Silva, o juiz determinou a suspensão de pagamento salarial pelo Instituto Gerir, com recursos públicos provenientes de contrato de gestão com a Secretaria Estadual de Saúde. Respondem ao processo, além do servidor fantasma, o instituto e o presidente da entidade, Eduardo Reche de Souza.
Conforme relatado pelo promotor, desde 2012, Thiago é empregado do instituto, organização social responsável pela gestão do Hospital de Urgências de Goiânia. No entanto, desde julho de 2013, o servidor, contratado para o cargo de controlador, passou a exercer atividades exclusivamente a favor dos interesses particulares da OS, mas sendo remunerado com verba pública, o que configura improbidade.
Para a reportagem do Portal Dia Online, o promotor garantiu que o funcionário trabalhava captando novos clientes em outros Estados. “Ele trabalhava captando e fazendo novos contratos, expandindo o OS. Ele recebia de recursos do Estado. Ele se denunciou, achando que era normal. Ele não cumpria expediente no Hugo e justificou falando que ia atrás de recursos fora”, explica na manhã de terça-feira (28/8).
Funcionário fantasma do Hugo recebia R$30 mil
Krebs observa que, mesmo sem realizar qualquer contraprestação no Hugo, o funcionário fantasma do Hugo aparece no rol de empregados da unidade, com remuneração de cerca de R$ 30 mil. “A situação é tão absurda que o salário dele é o maior dentre todos os empregados contratados pela OS para atividades no Hugo, praticamente equiparando com os dirigentes do hospital”, afirma o promotor.
O próprio servidor confessou que nunca trabalhou diretamente no Hugo, mas no escritório do instituto, realizando viagens pelo Brasil para tratar de assuntos de interesse exclusivo da OS e, sobretudo, no acompanhamento e assessoria ao presidente da entidade.
A ação proposta pelo MP tem como objetivo a condenação dos acionados pela prática de ato de improbidade administrativa, suspendendo também os pagamentos a Thiago. O promotor requereu também a quitação de R$ 1.600.144,88 para a reparação por dano material ao patrimônio público, mais R$ 4.800.434,64 a título de reparação por dano moral coletivo e difusos e outros R$ 4.800.434,64, de multa civil, correspondente a três vezes o valor do dano material causado.
Nota do Instituto Gerir
“O Instituto Gerir informa que já está tomando as medidas necessárias para contestar judicialmente a referida demanda, pois a denúncia em questão não condiz com a realidade dos fatos. A organização social foi contratada pelo Governo de Goiás para cuidar da gestão clínica e administrativa do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). No caso das áreas jurídica e administrativa, a equipe de profissionais que presta serviços à unidade está concentrada na sede da OS, situada nas proximidades do Hugo.”